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JANIO DE FREITAS
Passados 22 anos
Fato sem precedente desde o
general Geisel na Presidência, portanto desde 1979, Fernando Henrique Cardoso exigiu, para assegurar sua presença, que a festa de 50 anos do jornal carioca "O Dia" não fosse
feita, ontem, na sede da empresa nem em outro lugar menos
restritivo a presenças civis, mas
em dependência militar.
Entre as três possibilidades, a
Presidência indicou para a festa
dependências da Marinha, na
qual, exceção nacional, Fernando Henrique está muito prestigiado desde a compra do porta-aviões cuja manutenção a Marinha da França considerou excessivamente dispendiosa para
o seu desenvolvido país.
Sucessor do general Geisel, o
general Figueiredo dizia "preferir o cheiro de cavalo ao cheiro
de povo", mas não se sentia temeroso de intervenções críticas
ou hostis ao andar no Rio, até
acompanhado de um só guarda-costas em seu "cooper" no
calçadão de São Conrado.
À brasileira
Quem recebeu, no Rio, a carta
da distribuidora de energia com
a indicação do seu consumo
conveniente não pode estar seguro sobre a redução indicada:
umas 700 mil cartas da Light estão erradas, ao que a empresa
admite. A um terço dos clientes
da Cerj e da Light as cartas não
chegaram erradas -nem certas. E, quando chegarem, serão
tão confiáveis quanto as outras.
Logo, quase a metade das moradias no Rio estão deixadas fora das regras fixadas para início
do racionamento. Mas também
para essa quase metade o racionamento começou, como se nada lhes fosse devido além da eletricidade que lhes está tirada.
Calamitosos
Os 56 municípios mais atingidos pela seca estão sob estado de
calamidade decretado pelo governador Jarbas Vasconcelos,
mas ninguém sob o outro estado
de calamidade, que é constituído pelos governadores atingidos
pela seca.
Esses governadores calaram,
por conveniência política pessoal, enquanto as verbas destinadas à prevenção dos efeitos
da seca, incluídas nos Orçamentos federais dos últimos anos,
eram retidas em grande parte,
para o ministro Pedro Malan
aparentar um falso avanço rumo ao equilíbrio das contas públicas.
Corte de despesas essenciais,
que envolvem até vida e morte,
indica, nem mais nem menos,
um desastrado e desastroso desequilíbrio. Mesmo depois de
seis anos de cortes perversos e irresponsáveis.
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