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GOVERNO DE EMERGÊNCIA
Presidente diz que país pode passar por escassez
Depois do "apagão", FHC alerta para a "crise da água"
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Depois da crise energética, o
presidente Fernando Henrique
Cardoso advertiu ontem que o
país poderá passar por uma crise
de escassez de água, "apesar de o
Brasil ser um dos países de maior
abundância de água doce".
Segundo FHC, "se hoje nos aflige a falta energia momentânea,
amanhã pode nos afligir a escassez de água, porque os recursos
[hídricos" são finitos e, conforme
o uso, mesmo que sejam abundantes, podem perder a capacidade de bem servir à sociedade".
O presidente aproveitou a cerimônia em que assinou vários atos
relativos ao Dia Mundial do Meio
Ambiente, comemorado ontem,
para afirmar que é preciso "aproveitar esse lado desagradável e duro da crise energética para pensar
um pouco em desperdício". Segundo ele, "não é para fazer do limão uma limonada, porque nessas coisas não dá para fazer", mas
que é preciso lembrar que "o desperdício não será compatível a
longo prazo com os recursos da
natureza".
"Eu acredito que dessas agruras
pelas quais estamos passando fique na nossa memória pelo menos a importância de pensar um
pouco sobre o modo que estamos
dispondo dos recursos naturais e
utilizando a água, a luz e as fontes
de energia", afirmou o presidente.
FHC pediu ainda aos deputados
que dêem prioridade à aprovação
de um projeto que trata das regras
para a conservação de energia, de
sua autoria, quando senador. O
projeto foi aprovado em 1993 pelo
Senado e está parado na Câmara
desde então. "Eu apelo aos deputados. Está na pauta, votem. São
sete anos, já é tempo de votar." O
projeto pode ser votado amanhã.
Numa espécie de nova estratégia política, que busca mostrar
que também cuidou do sistema
energético do país, FHC fez questão de citar algumas de suas obras
na área de energia -fato que fez
pela primeira vez nos últimos
dias, desde que começou a discussão sobre o racionamento. Citou
como exemplos a ampliação da
hidrelétrica de Xingó (inaugurou
5 das 6 turbinas) e a ampliação da
linha de transmissão de Tucuruí
(que abastece parte do Nordeste).
Entre os atos assinados ontem
por FHC, está o que cria o Comitê
da Bacia Hidrográfica do Rio São
Francisco, que terá R$ 70 milhões
para trabalhar este ano. Na avaliação de técnicos ligados ao projeto
de transposição das águas do São
Francisco para parte do semi-árido do Nordeste, ouvidos pela Folha, a criação do comitê inviabiliza politicamente o projeto, previsto para iniciar este ano. A questão
da transposição não foi citada no
discurso de FHC.
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