São Paulo, quarta-feira, 06 de junho de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

GOVERNO DE EMERGÊNCIA

Presidente diz que país pode passar por escassez

Depois do "apagão", FHC alerta para a "crise da água"

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Depois da crise energética, o presidente Fernando Henrique Cardoso advertiu ontem que o país poderá passar por uma crise de escassez de água, "apesar de o Brasil ser um dos países de maior abundância de água doce".
Segundo FHC, "se hoje nos aflige a falta energia momentânea, amanhã pode nos afligir a escassez de água, porque os recursos [hídricos" são finitos e, conforme o uso, mesmo que sejam abundantes, podem perder a capacidade de bem servir à sociedade".
O presidente aproveitou a cerimônia em que assinou vários atos relativos ao Dia Mundial do Meio Ambiente, comemorado ontem, para afirmar que é preciso "aproveitar esse lado desagradável e duro da crise energética para pensar um pouco em desperdício". Segundo ele, "não é para fazer do limão uma limonada, porque nessas coisas não dá para fazer", mas que é preciso lembrar que "o desperdício não será compatível a longo prazo com os recursos da natureza".
"Eu acredito que dessas agruras pelas quais estamos passando fique na nossa memória pelo menos a importância de pensar um pouco sobre o modo que estamos dispondo dos recursos naturais e utilizando a água, a luz e as fontes de energia", afirmou o presidente.
FHC pediu ainda aos deputados que dêem prioridade à aprovação de um projeto que trata das regras para a conservação de energia, de sua autoria, quando senador. O projeto foi aprovado em 1993 pelo Senado e está parado na Câmara desde então. "Eu apelo aos deputados. Está na pauta, votem. São sete anos, já é tempo de votar." O projeto pode ser votado amanhã.
Numa espécie de nova estratégia política, que busca mostrar que também cuidou do sistema energético do país, FHC fez questão de citar algumas de suas obras na área de energia -fato que fez pela primeira vez nos últimos dias, desde que começou a discussão sobre o racionamento. Citou como exemplos a ampliação da hidrelétrica de Xingó (inaugurou 5 das 6 turbinas) e a ampliação da linha de transmissão de Tucuruí (que abastece parte do Nordeste).
Entre os atos assinados ontem por FHC, está o que cria o Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, que terá R$ 70 milhões para trabalhar este ano. Na avaliação de técnicos ligados ao projeto de transposição das águas do São Francisco para parte do semi-árido do Nordeste, ouvidos pela Folha, a criação do comitê inviabiliza politicamente o projeto, previsto para iniciar este ano. A questão da transposição não foi citada no discurso de FHC.


Texto Anterior: Janio de Freitas: Passados 22 anos
Próximo Texto: Presidente do TJ quer MP para reformar LRF
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.