São Paulo, sexta-feira, 06 de junho de 2008

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ELEIÇÕES 2008 / PRÉ-CAMPANHA

Serra agora quer evitar choque com Alckmin

Governador desestimula movimento dos aliados de Kassab e lamenta danos que a disputa trouxe à sua candidatura ao Planalto

Chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, demoveu Walter Feldman da intenção de deixar a prefeitura para colher apoios para Kassab


CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Temendo ser responsabilizado por uma eventual derrubada da candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB), o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), decidiu atuar, ainda que discretamente, para conter a mobilização dos defensores da aliança com Gilberto Kassab (DEM) dentro do partido.
Na noite de quarta-feira, Serra se reuniu, por exemplo, com o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, autor de uma carta em que recrimina aqueles que defendem o lançamento de uma chapa contrária à de Alckmin na convenção partidária.
O encontro aconteceu no dia da divulgação da carta em que Lobo pede a retirada de assinaturas do documento de apresentação dessa chapa na convenção. Segundo Lobo, Serra aprova o movimento. "O governador não apóia a disputa dentro da convenção do PSDB." Lobo afirmou ter o apoio do presidente nacional do PSDB, senador Sérgio Guerra (PE), que ontem se disse apreensivo com a disputa interna.
A preocupação de Serra pode ser mensurada pela atuação de seus principais aliados. O chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, demoveu o secretário municipal de Esportes, Walter Feldman, da intenção de deixar a prefeitura para se dedicar à coleta de assinaturas em favor da aliança com o DEM.
"Seu argumento foi o de que não deveríamos deixar o governo. Deveríamos cumprir nossa promessa", disse Feldman, que esteve no Palácio dos Bandeirantes. Sem querer participar de reuniões sobre eleições -por temer a divulgação do teor de conversas-, Serra não conversou com Feldman.
O comportamento do secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, também serve para mensurar a contrariedade de Serra. Mesmo sob a mira dos kassabistas, que o acusam de omissão, Matarazzo evita manifestações públicas de apreço ao prefeito.
Procurado por subprefeitos, que se queixavam da pressão para que assinassem documento em favor da aliança, Matarazzo os liberou para que tomassem sua própria decisão.
Integrantes da burocracia partidária associados a Serra também têm defendido a retirada de assinaturas do documento pró-Kassab.
Nas conversas, Serra se queixa dos danos ao partido e à sua candidatura à Presidência. Mas, evitando entrar no confronto direto interno, reconhece que dificilmente haverá recuos no partido. Seu medo agora é que Alckmin e Kassab se agridam durante a campanha.
Hoje, os adeptos da candidatura própria e do apoio a Kassab mantêm a troca de farpas.
Ontem, Feldman enviou aos militantes carta em que chama de "infeliz torpedo" o apelo de Lobo. Segundo ele, é melancólico que os tucanos tenham "recebido um apelo para que escondamos as nossas diferenças e façamos uma convenção como aquelas do partido oficial durante a ditadura militar, silenciosas e ordeiras como os cemitérios".
Lobo reagiu a Feldman, que o comparou à Chapeuzinho Vermelho. "O perigo está nos que, ao contrário, travestidos de Chapeuzinho, são, na prática, verdadeiros lobos maus."


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