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ELEIÇÕES 2008 / PRÉ-CAMPANHA
Serra agora quer evitar choque com Alckmin
Governador desestimula movimento dos aliados de Kassab e lamenta danos que a disputa trouxe à sua candidatura ao Planalto
Chefe da Casa Civil, Aloysio Nunes Ferreira, demoveu Walter Feldman da intenção de deixar a prefeitura para colher apoios para Kassab
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Temendo ser responsabilizado por uma eventual derrubada
da candidatura de Geraldo
Alckmin (PSDB), o governador
de São Paulo, José Serra
(PSDB), decidiu atuar, ainda
que discretamente, para conter
a mobilização dos defensores
da aliança com Gilberto Kassab
(DEM) dentro do partido.
Na noite de quarta-feira, Serra se reuniu, por exemplo, com
o presidente municipal do
PSDB, José Henrique Reis Lobo, autor de uma carta em que
recrimina aqueles que defendem o lançamento de uma chapa contrária à de Alckmin na
convenção partidária.
O encontro aconteceu no dia
da divulgação da carta em que
Lobo pede a retirada de assinaturas do documento de apresentação dessa chapa na convenção. Segundo Lobo, Serra aprova o movimento. "O governador não apóia a disputa dentro da convenção do PSDB."
Lobo afirmou ter o apoio do
presidente nacional do PSDB,
senador Sérgio Guerra (PE),
que ontem se disse apreensivo
com a disputa interna.
A preocupação de Serra pode
ser mensurada pela atuação de
seus principais aliados. O chefe
da Casa Civil, Aloysio Nunes
Ferreira, demoveu o secretário
municipal de Esportes, Walter
Feldman, da intenção de deixar
a prefeitura para se dedicar à
coleta de assinaturas em favor
da aliança com o DEM.
"Seu argumento foi o de que
não deveríamos deixar o governo. Deveríamos cumprir nossa
promessa", disse Feldman, que
esteve no Palácio dos Bandeirantes. Sem querer participar
de reuniões sobre eleições
-por temer a divulgação do
teor de conversas-, Serra não
conversou com Feldman.
O comportamento do secretário municipal das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, também serve para mensurar a contrariedade de Serra. Mesmo
sob a mira dos kassabistas, que
o acusam de omissão, Matarazzo evita manifestações públicas
de apreço ao prefeito.
Procurado por subprefeitos,
que se queixavam da pressão
para que assinassem documento em favor da aliança, Matarazzo os liberou para que tomassem sua própria decisão.
Integrantes da burocracia
partidária associados a Serra
também têm defendido a retirada de assinaturas do documento pró-Kassab.
Nas conversas, Serra se queixa dos danos ao partido e à sua
candidatura à Presidência.
Mas, evitando entrar no confronto direto interno, reconhece que dificilmente haverá recuos no partido. Seu medo agora é que Alckmin e Kassab se
agridam durante a campanha.
Hoje, os adeptos da candidatura própria e do apoio a Kassab mantêm a troca de farpas.
Ontem, Feldman enviou aos
militantes carta em que chama
de "infeliz torpedo" o apelo de
Lobo. Segundo ele, é melancólico que os tucanos tenham "recebido um apelo para que escondamos as nossas diferenças
e façamos uma convenção como aquelas do partido oficial
durante a ditadura militar, silenciosas e ordeiras como os
cemitérios".
Lobo reagiu a Feldman, que o
comparou à Chapeuzinho Vermelho. "O perigo está nos que,
ao contrário, travestidos de
Chapeuzinho, são, na prática,
verdadeiros lobos maus."
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