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SUCESSÃO NO ESCURO
Petista ataca "apagão" de FHC e cita Getúlio, JK e militares como exemplos de governos com planejamento
Lula elogia realizações do regime militar
PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM ALPINÓPOLIS
Luiz Inácio Lula da Silva, virtual
candidato do PT à Presidência em
2002, disse que o governo Fernando Henrique Cardoso "talvez seja
o que vai deixar o maior passivo
da história do país, sem deixar nenhum ativo", falando da crise
energética. Como contraponto,
elogiou até os governos militares.
Ele atribuiu a crise à falta de planejamento. Citou como exemplos
de governos que administraram
com planejamento os de Getúlio
Vargas, Juscelino Kubitschek e
até os presidentes do regime militar (64-85): "Por mais que tenhamos sofrido nas mãos deles [militares", eles criaram o pólo petroquímico e as empresas de energia.
Eles endividaram o país, mas pelo
menos ficou uma marca. A marca
do FHC será o apagão", disse.
Lula deu suas declarações na cidade de Alpinópolis, que faz parte
de seu roteiro na região do lago de
Furnas Centrais Elétricas, no sudoeste de Minas. Indagado sobre
a mudança de imagem de radical
para "light", Lula disse que sempre foi um negociador, desde os
tempos do regime militar. Afirmou que em 1975 negociou com
os militares a abertura política.
Citou também as negociações
nas greves dos metalúrgicos da região do ABC, em 1978, e as articulações para garantir governabilidade ao então presidente Itamar
Franco (92-94), hoje governador
de Minas Gerais pelo PMDB.
"O Itamar sabe o quanto o PT
foi importante no impeachment
do Collor. Depois, havia no PT
uma corrente que não queria que
o Itamar tomasse posse. Eu negociei a garantia de governabilidade
e o apoio ao Itamar. O PT não fez
oposição a ele", disse.
Lula admitiu que o PT foi radical "há dez anos" e que não se arrepende: "Para o PT se legalizar
foi preciso radicalizar. Agora, eu
não quero radicalizar na questão
ideológica, quero a criação de um
modelo de desenvolvimento".
Mais tarde, Lula aproveitou para rebater as críticas do governador do Rio, Anthony Garotinho
(PSB), que disse que o presidenciável petista é inexperiente e que
o programa do PT é liberal.
"Tem gente que, para crescer
politicamente, faz o que eu estou
fazendo: andar pelo Brasil para
construir alternativas. Tem outro
tipo de gente que prefere sentar
em cima do próprio ego e ficar
julgando todo mundo", disse.
Olívio
O secretário de Comunicação
do governo do Rio Grande do Sul,
Guaracy Cunha, disse ontem que
Lula "talvez esteja mal-informado" sobre as realizações da gestão
do governador Olívio Dutra (PT).
Anteontem, durante sua visita a
Minas, o presidenciável criticou a
política de comunicação do Executivo gaúcho, declarando, por
exemplo, que o investimento de
R$ 200 milhões em energia elétrica não teve divulgação adequada.
A falha na comunicação seria responsável pela última colocação de
Olívio no ranking de governadores do Datafolha, com nota 4,8.
"Achamos que os índices não
são ruins. Temos tempo e vamos
melhorar. Talvez [os índices] apavorem o Lula, que é candidato",
disse Cunha.
O secretário retrucou o argumento de Lula em relação à área
energética, lembrando que o próprio programa eleitoral do PT
destacou o investimento realizado. Segundo Cunha, o governo
não desenvolve uma campanha
publicitária por força da "austeridade" que limita o gasto nesse setor a cerca de R$ 13 milhões.
"Vendemos nosso peixe, mas
não temos o controle editorial dos
meios de comunicação."
Colaborou CARLOS ALBERTO DE SOUZA, da Agência Folha, em Porto Alegre
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