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PF SOB SUSPEITA
Segundo órgão, líderes petistas pediram "escuta telefônica e busca e apreensão" em apuração de morte de prefeito
"PT pediu grampo", diz documento da PF
EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA
Na tentativa de rebater as acusações petistas de que teria realizado espionagem política por meio
de grampos telefônicos, a Polícia
Federal divulgou ontem um documento no qual, em 22 de janeiro, o partido solicitou ao presidente Fernando Henrique Cardoso, entre outras ações, "escuta telefônica e busca e apreensão" para
investigar o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel
(PT) -ocorrido dois dias antes.
Assinado pelo presidente da sigla, José Dirceu (SP), e pelo candidato petista à Presidência, Luiz
Inácio Lula da Silva, o ofício do PT
solicitava a FHC "especial atenção" e "todos os esforços" nas investigações da morte de Daniel.
Segundo o documento -encaminhado à época por FHC ao então ministro da Justiça, Aloysio
Nunes Ferreira-, Lula e Dirceu
consideravam de "extrema importância" a convocação de agentes federais, plenos poderes e
meios de trabalho à PF nas investigações e o "alargamento das hipóteses em que caberia escuta telefônica e busca e apreensão".
Nas últimas semanas, o PT tem
afirmado que a PF se valeu de um
pedido para investigar o narcotráfico a fim de obter autorização legal de quebra de sigilo de 41 telefones de autoridades petistas de
Santo André. Segundo a legenda,
"houve espionagem política e uso
ilegal de grampo". Respaldados
em decisões judiciais, os grampos
são permitidos no país. As 40 fitas
que conteriam gravações de conversas de petistas estão em poder
do Ministério Público Federal.
De acordo com a PF, o pedido
de grampo se baseou em informações anônimas, e a Justiça o autorizou por haver suspeita de que
traficantes estariam envolvidos
no assassinato de Daniel.
Além da questão dos grampos
de Santo André, há o caso de que
denúncia feita à CPI do Narcotráfico levou a PF a investigar Lula a
partir de dezembro de 2000.
No documento, os líderes petistas pediram a FHC empenho para
que as ações em busca do esclarecimento do crime não fosse burocratizado "pelas vias normais".
Segundo o delegado da PF Gilberto Tadeu, as investigações feitas por meio de escutas telefônicas "nunca tiveram como alvo o
PT". Segundo ele, "foram investigadas pessoas que estavam ligadas a Celso Daniel".
A direção geral da Polícia Federal em Brasília também reuniu a
imprensa ontem pela manhã para
divulgar o mesmo documento.
O assistente do diretor-geral da
PF, Glédston Campos, disse que a
investigação da morte de Celso
Daniel optou pelo "viés do narcotráfico" porque a equipe da PF designada para dar apoio às investigações era especializada no combate ao tráfico de drogas.
A intenção da PF na divulgação
do documento era mostrar que o
PT havia solicitado na investigação o uso das escutas telefônicas,
mas tropeçou na explicação do
motivo pelo qual o pedido de
grampo apresentado ao juiz corregedor teve como objetivo a investigação de narcotráfico.
Inicialmente, ele não soube explicar o motivo do "viés". A explicação só foi dada depois de consultar a direção da PF. Segundo
Campos, a investigação poderia
ter seguido por outro caminho caso a equipe da PF fosse especializada em outro tipo de crime.
"O narcotráfico é uma das facetas do crime organizado e naturalmente poderíamos chegar às
quadrilhas de assaltantes de bancos, sequestradores e que em uma
destas quadrilhas houvesse nomes envolvidos com a morte do
prefeito", disse Campos.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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