São Paulo, sábado, 06 de julho de 2002

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PF tenta encobrir ação política, diz PT

DA AGÊNCIA FOLHA

O Diretório Nacional do PT, por meio do porta-voz do presidenciável Luiz Inácio Lula da Silva, André Singer, disse ontem que as afirmações divulgadas pela Polícia Federal "constituem uma tentativa patética de encobrir perante a opinião pública a ilegalidade flagrante de operações de espionagem política" contra Lula e outros membros do partido.
"Essa divulgação corresponde a uma tentativa de encobrir atos ilegais que foram praticados por setores da Polícia Federal", declarou ontem à tarde o porta-voz do candidato à Presidência petista, durante entrevista na sede do partido, em São Paulo.
Além dos esclarecimentos de Singer, o partido divulgou uma nota sobre o caso. Segundo a nota, Lula e o presidente nacional do partido, José Dirceu, pediram ao presidente Fernando Henrique Cardoso, em 22 de janeiro deste ano, "que designasse delegados da PF para acompanhar a investigação" do assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel, ocorrido em janeiro deste ano.
De acordo com o partido, os pedidos para que o governo federal trabalhasse com "especial atenção" nas investigações de Celso Daniel "nada tiveram a ver com as duas operações de espionagem política por nós detectadas [uma a Lula e outra a políticos do partido em Santo André" e já denunciadas à imprensa".
Ainda segundo a nota do PT, "a interceptação telefônica é um método de investigação adequado para determinadas circunstâncias, desde que usado rigorosamente dentro da lei".

Tráfico de drogas
Mas, de acordo com o partido, a Justiça foi enganada quando, no dia 24 de janeiro de 2002, o delegado Marcelo Vieira Godoy, que é o encarregado de apurar o assassinato do prefeito de Santo André, pediu autorização para grampos telefônicos com o objetivo de aprofundar investigações sobre o tráfico de drogas -incluindo, nesse pedido, "números de telefone de petistas".
O PT disse que estuda possíveis medidas judiciais contra a Polícia Federal. "Estamos estudando algumas formas, mas não posso antecipá-las", afirmou o porta-voz do partido.

Abin
Questionado se o PT tem algum tipo de conhecimento de que possa estar sendo investigado pela Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Singer afirmou que prefere "acreditar que não".
"Queremos crer que esse tipo de operação não só não prossiga [...", como todas as forças políticas tenham o direito de apresentar suas propostas, competindo em igualdade de condições, sem atenta- dos". (EDS)



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