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RETÓRICA
Após 18 meses de governo, presidente faz discurso motivacional a ministros
Lula desafia seus opositores a
confrontar números e ações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao fazer o balanço de um ano e
meio do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse
ontem ter aprendido que "a arte
de governar é a arte de ter paciência". Num discurso em tom de palestra motivacional, recheado de
frases de efeito, Lula conclamou
os ministros a defenderem o governo e lançou um desafio a seus
opositores: "Queremos fazer confronto não apenas de idéias, mas
também de realizações, de números, de coisas concretas e objetivas
que estão acontecendo no país".
Às vésperas do início da campanha para as eleições municipais, o
presidente previu que ele e os ministros enfrentarão protestos nos
lugares que visitarem. "Sempre
digo aos companheiros que estão
comigo que não fiquem preocupados, porque, se tem alguém que
não pode reclamar de manifestação contra, sou eu, que já fiz todas
que foram necessárias fazer neste
país. Não vou me queixar nunca."
Por meia hora, de improviso,
Lula procurou motivar os ministros. "O que não podem é permitir que alguma crítica ou insinuação, verdadeira ou maldosa, possa mexer com sua auto-estima."
Diferentemente do balanço de
um ano, feito pelo próprio presidente, o de 18 meses foi feito pelo
ministro José Dirceu (Casa Civil).
Lula falou a seguir. Foram convidados todos os ministros, líderes
aliados no Congresso e presidentes de empresas e bancos estatais.
O balanço serviu ainda para ministros defenderem o governo.
Alguns disseram, ao final, que os
dados divulgados podem ser munição contra ataques nas eleições.
"Os números da indústria e do
comércio mostram melhoria consistente. Certamente, vamos ter
um segundo semestre em que as
pesquisas [de opinião] também
em relação ao presidente virão
melhores", afirmou Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
Ao ser indagado se o governo
não havia feito um balanço com
números já batidos, Aldo Rebelo
(Coordenação Política) disse que
havia informações novas e que
precisariam até ser atualizadas.
Lula elogiou diversas vezes seu
ministério e citou nominalmente
só três: Furlan, Antonio Palocci
(Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento). Para o presidente, a
exposição que eles fizeram na recente viagem a Nova York foi "a
mais extraordinária" que já viu.
Sem mencionar a dificuldade
que o PT vem impondo para fazer
alianças nas eleições deste ano,
Lula disse de novo que não seria
presidente se não tivesse se aliado
com o PL do vice José Alencar.
Lula também defendeu sua gestão das principais críticas da oposição e que deverão dominar o debate eleitoral -a suposta inexperiência e o valor do aumento do
salário mínimo. "Este governo
não é um governo inexperiente
como muitas vezes se tentou passar. Tem três ex-governadores,
seis ou sete ex-prefeitos de capitais, vários ex-ministros. Um cabedal de experiência grande."
Sobre o mínimo, disse: "O salário mínimo é baixo não porque o
presidente e seu governo não conseguiram dar o aumento necessário. É baixo porque historicamente ele foi baixo neste país. Achei
engraçado ver na televisão discursos pedindo aumento. Pessoas
que passaram oito anos evitando
que aumentasse. É nessas horas
que a gente tem que estar calmo".
Lula negou que seu governo privilegie os aliados ao liberar recursos e que há paralisia. "Acho que
fizemos até agora muito mais do
que o tempo permite fazer e muito menos do que temos compromisso histórico de fazer."
(WILSON SILVEIRA, LEONARDO SOUZA, LUCIANA CONSTANTINO E JULIA DUAILIBI)
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