São Paulo, terça-feira, 06 de julho de 2004

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RETÓRICA

Após 18 meses de governo, presidente faz discurso motivacional a ministros

Lula desafia seus opositores a confrontar números e ações

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao fazer o balanço de um ano e meio do seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem ter aprendido que "a arte de governar é a arte de ter paciência". Num discurso em tom de palestra motivacional, recheado de frases de efeito, Lula conclamou os ministros a defenderem o governo e lançou um desafio a seus opositores: "Queremos fazer confronto não apenas de idéias, mas também de realizações, de números, de coisas concretas e objetivas que estão acontecendo no país".
Às vésperas do início da campanha para as eleições municipais, o presidente previu que ele e os ministros enfrentarão protestos nos lugares que visitarem. "Sempre digo aos companheiros que estão comigo que não fiquem preocupados, porque, se tem alguém que não pode reclamar de manifestação contra, sou eu, que já fiz todas que foram necessárias fazer neste país. Não vou me queixar nunca."
Por meia hora, de improviso, Lula procurou motivar os ministros. "O que não podem é permitir que alguma crítica ou insinuação, verdadeira ou maldosa, possa mexer com sua auto-estima."
Diferentemente do balanço de um ano, feito pelo próprio presidente, o de 18 meses foi feito pelo ministro José Dirceu (Casa Civil). Lula falou a seguir. Foram convidados todos os ministros, líderes aliados no Congresso e presidentes de empresas e bancos estatais.
O balanço serviu ainda para ministros defenderem o governo. Alguns disseram, ao final, que os dados divulgados podem ser munição contra ataques nas eleições.
"Os números da indústria e do comércio mostram melhoria consistente. Certamente, vamos ter um segundo semestre em que as pesquisas [de opinião] também em relação ao presidente virão melhores", afirmou Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
Ao ser indagado se o governo não havia feito um balanço com números já batidos, Aldo Rebelo (Coordenação Política) disse que havia informações novas e que precisariam até ser atualizadas.
Lula elogiou diversas vezes seu ministério e citou nominalmente só três: Furlan, Antonio Palocci (Fazenda) e Guido Mantega (Planejamento). Para o presidente, a exposição que eles fizeram na recente viagem a Nova York foi "a mais extraordinária" que já viu.
Sem mencionar a dificuldade que o PT vem impondo para fazer alianças nas eleições deste ano, Lula disse de novo que não seria presidente se não tivesse se aliado com o PL do vice José Alencar.
Lula também defendeu sua gestão das principais críticas da oposição e que deverão dominar o debate eleitoral -a suposta inexperiência e o valor do aumento do salário mínimo. "Este governo não é um governo inexperiente como muitas vezes se tentou passar. Tem três ex-governadores, seis ou sete ex-prefeitos de capitais, vários ex-ministros. Um cabedal de experiência grande."
Sobre o mínimo, disse: "O salário mínimo é baixo não porque o presidente e seu governo não conseguiram dar o aumento necessário. É baixo porque historicamente ele foi baixo neste país. Achei engraçado ver na televisão discursos pedindo aumento. Pessoas que passaram oito anos evitando que aumentasse. É nessas horas que a gente tem que estar calmo".
Lula negou que seu governo privilegie os aliados ao liberar recursos e que há paralisia. "Acho que fizemos até agora muito mais do que o tempo permite fazer e muito menos do que temos compromisso histórico de fazer." (WILSON SILVEIRA, LEONARDO SOUZA, LUCIANA CONSTANTINO E JULIA DUAILIBI)

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