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Em discurso, Dirceu cita projetos que
não saíram do papel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao apresentar ontem, por
uma hora e 20 minutos, um balanço de 18 meses da gestão
Luiz Inácio Lula da Silva, o ministro José Dirceu (Casa Civil)
tentou mostrar um quadro favorável do governo, citando,
em alguns casos, projetos que
não saíram do papel, outros
que dependem de verba suplementar e até atualizou dados já
destacados na prestação de
contas de um ano.
A fala de Dirceu foi baseada
em revista editada pela Secretaria de Comunicação de Governo e que será distribuída em todo o país. A publicação "18 meses, o Brasil está mudando" diz,
por exemplo, que o "desafio de
não aumentar impostos também está sendo alcançado".
Ocorre que no primeiro ano de
governo Lula, a carga tributária
teve alta de 35,52% para
35,68% do PIB.
Foram impressos 100 mil
exemplares da revista, a um
custo de R$ 327 mil, assim como nas duas primeiras edições.
Entre os programas que não
saíram do papel estão, por
exemplo, a Política Nacional de
Saneamento Ambiental e o
Marco Regulatório do setor
(em discussão no Ministério
das Cidades) e o Programa
Universidade para Todos, que
tramita no Congresso.
O Bolsa-Família, programa
unificado de renda -que depende de verba suplementar
para atingir a meta do ano-,
teve seus dados atualizados.
Em dezembro, o governo destacou ter atingido a meta de 3,6
milhões de famílias. Ontem
lembrou que mais de 4 milhões
receberam o benefício.
Com o ministro Antonio Palocci (Fazenda) na primeira fileira, Dirceu começou o discurso enaltecendo a retomada do
crescimento do PIB (1,6% no
primeiro trimestre deste ano
em relação aos três meses anteriores), a "recuperação industrial" e o agronegócio.
Por duas vezes disse que o governo "não rouba e não deixa
roubar", sem citar as investigações do caso Waldomiro Diniz,
ex-subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto, próximo
ao ministro, que apareceu em
vídeo de 2002 pedindo propina
a um empresário de jogos.
Dirceu acrescentou que o governo "leva para a cadeia quem
rouba", mas admitiu que ainda
vive "instabilidade". Também
repetiu que o governo poderia
ter feito mais se não fosse a herança de FHC (1995-2002).
Ao deixar Dirceu fazer o balanço do governo, Lula quis demonstrar a força do ministro,
que tenta recuperar o prestígio
pós-caso Waldomiro.
O ministro passou o discurso
elogiando Lula. Falou da "liderança" internacional e na "coragem" e na "audácia" ao convidar a sociedade para participar de seu governo.
A atenção não foi unânime
na platéia. O líder do governo
na Câmara, Professor Luizinho
(PT-SP), a todo o momento
olhava para trás para conversar
com outros parlamentares. O
presidente do BNDES, Carlos
Lessa, passou todo o discurso
lendo texto que levou no bolso.
(EDUARDO SCOLESE e LUCIANA CONSTANTINO)
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