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Prefeituras aliadas recebem mais recursos
Levantamentos feitos pela Comissão de Orçamento e pela Folha mostram que prefeitos da base têm recebido mais verbas por habitante
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Levantamento da Comissão de
Orçamento do Congresso feito a
pedido do PFL mostra que o governo se comprometeu a repassar
verbas a prefeituras de capitais
que, proporcionalmente ao tamanho das cidades, representam para os prefeitos de partidos aliados
ao Planalto valores quase três vezes superiores aos destinados às
capitais geridas pela oposição.
A Folha cruzou os dados do Siafi (sistema de acompanhamento
dos gastos federais) atualizados
até o dia 3 com a população das cidades e constatou que as 18 capitais administradas por governistas obtiveram convênios para
obras e investimentos no valor de
R$ 235 milhões, que resultarão no
repasse de R$ 16,5 por habitante.
Já as oito capitais que têm prefeitos da oposição celebraram
convênios que significam o comprometimento de repasse de R$
4,6 por habitante, um total de R$
29 milhões. A capital com a maior
relação verba/habitante é Boa
Vista, comandada por Teresa Jucá
(PPS), com R$ 56,6. Das nove administrações petistas, a mais contemplada é Aracaju (Marcelo Déda); a menos, São Paulo (Marta
Suplicy), com R$ 4,9 por habitante. A capital com a menor relação
verba/habitante é o Rio de Janeiro, do prefeito pefelista César
Maia: apenas R$ 0,34.
Os números da comissão, aliados à constatação de que o governo privilegiou o empenho (compromisso do gasto) das emendas
ao Orçamento feitas por congressistas de partidos governistas, revoltou a oposição, que rompeu
ontem todos os acordos de votação que havia no Congresso.
"A maior prova de que há o beneficiamento ao partido do presidente é o fato de Vitória da Conquista [BA], administrada pelo
PT, ter obtido R$ 12,5 milhões,
mais recursos do que as três capitais do PFL, Rio de Janeiro, Salvador e Curitiba", disse o deputado
Pauderney Avelino (AM), vice-presidente da comissão.
"A política orçamentária do governo tem sido feita com equilíbrio, os critérios de liberação [das
emendas] são os critérios dos ministérios, de acordo com seus
projetos", disse o ministro Aldo
Rebelo (Coordenação Política),
responsável pela sistemática de liberação das emendas.
O ministro José Dirceu (Casa
Civil) disse ontem, em entrevista
ao "Bom Dia Brasil" (TV Globo),
que os recursos estão sendo destinados "sem coloração partidária
ou político-eleitoral" e que "o governo tem repactuado o país em
termos da federação".
Para o ministro, porém, é preciso deixar claro que o PT governa
cidades importantes do Brasil e
que têm direito de receber esses
recursos. "Se São Paulo não recebesse recursos do governo federal, algo estaria errado: 10 milhões
de habitantes recolhem a metade
do fundo de garantia, quase 15%
ou 20% do PIB do país."
Os convênios entre União e as
prefeituras tinham que ser realizados até o último dia 3 devido à
legislação eleitoral, que proíbe o
repasse para obras não-contratadas a até três meses antes das eleições. Alguns convênios podem
ser feito por meio das emendas
que os parlamentares fazem ao
Orçamento federal.
"O privilégio na liberação de
emendas é uma forma de corrupção. Seria o caso de CPI se não estivéssemos entrando em recesso",
afirmou o senador Arthur Virgílio (AM), líder da bancada do
PSDB. "Estamos assistindo aos
preparativos de uma das maiores
fraudes eleitorais da história feita
com recursos públicos", reforçou
o deputado José Carlos Aleluia
(BA), líder do PFL. Segundo ele,
há a intenção de o PFL apresentar
uma denúncia ao Supremo contra Lula, argumentando que a
Constituição determina a impessoalidade na execução orçamentária.
(RB, FK e LRS)
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