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O DIA DA CPI
Ação da Abin em estatal parou em diretoria do PT, diz agente
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à CPI dos Correios, o agente da Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) Edgard
Lange disse ontem que o órgão investigou, neste ano, indícios de
corrupção na estatal e que a operação teria sido suspensa quando
se aproximava da diretoria de tecnologia, ocupada pelo PT. Ele ressaltou, no entanto, que a única
técnica de obtenção de informações adotada foi a de entrevistas,
não sendo utilizados grampos.
O escândalo dos Correios teve
início com a divulgação de um vídeo em que o ex-chefe de departamento Maurício Marinho aparece
recebendo propina para favorecer
empresas em licitações. O funcionário afirma na conversa que agia
em consonância com o então presidente do PTB, deputado Roberto Jefferson (RJ).
Segundo Lange, a Abin autorizou a "produção de conhecimentos" sobre os Correios no dia 5 de
abril deste ano e que as atividades
foram suspensas, por determinação do ministro-chefe do GSI
(Gabinete de Segurança Institucional), general Jorge Armando
Félix, no dia 17 de maio.
"Confesso que no dia 16, quando fizemos o último documento,
estávamos nos aproximando dessa área [tecnologia] e recebemos a
ordem para parar, por determinação do ministro", disse, ao responder pergunta do relator, Osmar Serraglio (PMDB-PR).
O relator queria saber se a diretoria de tecnologia, que possui o
maior orçamento, foi investigada
pela agência. Esse cargo é ocupado por Eduardo Medeiros, indicado por Silvio Pereira, secretário-geral do PT licenciado.
Lange disse ainda que recebeu a
ordem para suspender a investigação um dia após receber o vídeo
que gerou o escândalo. Jefferson
teria encaminhado ao GSI a fita,
em 16 de maio, pedindo a identificação do autor da gravação.
A operação da Abin na estatal
foi motivada, de acordo com Lange, por uma denúncia anônima
recebida pelo diretor-geral da
agência, Mauro Marcelo de Lima
e Silva. No documento estariam
relacionados servidores e empresas fornecedoras que estariam envolvidas em irregularidades. Marinho não faria parte desta lista.
Alegando que as informações
obtidas nos Correios têm caráter
sigiloso, Lange não quis dar detalhes sobre a investigação, mas disse que o general Félix autorizou
que os 16 relatórios produzidos
por ele sobre o assunto sejam colocados à disposição da CPI, desde que não sejam divulgados.
O agente afirmou que não identificou participação política nas
supostas irregularidades existentes nos Correios, mas ressaltou
que as investigações não foram
concluídas. "Era uma briga empresarial, por espaço", disse.
Uma das principais fontes de
Lange na operação, diz ele, foi o
ex-agente do SNI (Serviço Nacional de Informação) José Fortuna
Santos Neves. Ele possui uma empresa chamada Atrium que estaria sendo prejudicada nas licitações realizadas pela estatal.
No terceiro depoimento da CPI
ontem, Fortuna negou que tivesse
qualquer envolvimento com a
gravação da fita e afirmou que Jefferson mentiu ao acusá-lo de tentativa de extorsão com o vídeo.
Além disso, disse que só tem ligação com o caso por meio do agente da Abin, Edgard Lange.
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