São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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Ex-agente diz ter "interesse jornalístico"

LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Em depoimento à CPI dos Correios ontem, o ex-funcionário da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Jairo Martins de Souza, 37, confirmou ter fornecido a maleta com filmadora usada para gravar o flagrante de corrupção na estatal e declarou ter divulgado a fita por "interesse jornalístico" e "para melhorar o país", mas sem envolvimento político.
Martins entrou em contradição com o empresário Arthur Wa- sheck, mandante da gravação, que diz que a fita foi encomendada para defender seus interesses comerciais. Publicada pela revista "Veja", a gravação deflagrou o caso Correios. Nela, o funcionário Maurício Marinho foi filmado recebendo propina de R$ 3.000.
O depoimento de Martins durou quatro horas e meia e foi pontuado pelas críticas de "perda de tempo" e pelos comentários irônicos dos parlamentares sobre a suposta "filantropia investigativa" de Martins, que se formou em jornalismo em 2004. Por suas amizades, chegou a ser chamado de "araponga do submundo". Ele é policial militar licenciado e deixou a Abin há quatro anos.
Martins disse ter sido contatado por Washeck, depois de conhecê-lo em um restaurante de Brasília, para "divulgar um problema nos Correios" e que sua função era fornecer o equipamento de filmagem e levar a fita para o jornalista Policarpo Júnior, de "Veja".
Washeck tinha dito que Martins foi indicado por um amigo e que já havia feito rastreamento de grampos em sua empresa. Além disso, afirmou que deu instruções claras para não "vazar" a fita.
Martins disse que ajudou a fazer a gravação como forma de fazer uma "notícia-crime", já que confiava que a Polícia Federal entraria no caso. "Minha vantagem? O que me motivou foi meu país."


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