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Ex-agente diz ter "interesse jornalístico"
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Em depoimento à CPI dos Correios ontem, o ex-funcionário da
Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Jairo Martins de Souza,
37, confirmou ter fornecido a maleta com filmadora usada para
gravar o flagrante de corrupção
na estatal e declarou ter divulgado
a fita por "interesse jornalístico" e
"para melhorar o país", mas sem
envolvimento político.
Martins entrou em contradição
com o empresário Arthur Wa-
sheck, mandante da gravação,
que diz que a fita foi encomendada para defender seus interesses
comerciais. Publicada pela revista
"Veja", a gravação deflagrou o caso Correios. Nela, o funcionário
Maurício Marinho foi filmado recebendo propina de R$ 3.000.
O depoimento de Martins durou quatro horas e meia e foi pontuado pelas críticas de "perda de
tempo" e pelos comentários irônicos dos parlamentares sobre a
suposta "filantropia investigativa" de Martins, que se formou em
jornalismo em 2004. Por suas
amizades, chegou a ser chamado
de "araponga do submundo". Ele
é policial militar licenciado e deixou a Abin há quatro anos.
Martins disse ter sido contatado
por Washeck, depois de conhecê-lo em um restaurante de Brasília,
para "divulgar um problema nos
Correios" e que sua função era
fornecer o equipamento de filmagem e levar a fita para o jornalista
Policarpo Júnior, de "Veja".
Washeck tinha dito que Martins
foi indicado por um amigo e que
já havia feito rastreamento de
grampos em sua empresa. Além
disso, afirmou que deu instruções
claras para não "vazar" a fita.
Martins disse que ajudou a fazer
a gravação como forma de fazer
uma "notícia-crime", já que confiava que a Polícia Federal entraria no caso. "Minha vantagem? O
que me motivou foi meu país."
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