São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2006

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Aliança de Alckmin em 2006 imita o slogan de Lula em 2002

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O conselho político criado para balizar a campanha do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB) definiu ontem que a coligação formada por PSDB e PFL levará o nome de "Por um Brasil decente", levantando a bandeira da ética. O título é similar ao slogan usado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição de 2002. À época, a campanha do petista também fora centrada na ética, com os dizeres "Por um Brasil decente, vote Lula presidente".
Elaborada pelo responsável na área de comunicação da campanha tucana, Luiz Gonzalez, a escolha do nome da coligação agradou ao PFL, que cobra do candidato uma atitude mais crítica em relação à moralidade. A queixa dos pefelistas é que Alckmin explora pouco o escândalo do mensalão em seus discursos. A crise política do governo Lula foi tema do último programa do PFL na TV.
Em conversa com líderes partidários, Alckmin afirmou porém que não quer fixar a ética como seu lema de campanha, sob o argumento de que quer ser "o candidato do desenvolvimento". Disse que o tema da ética dá margem a críticas dos adversários de que seu discurso é esvaziado. Ontem, em entrevista, o tucano disse "ser muito diferente" do presidente Lula, em resposta a uma reportagem do jornal inglês "Financial Times", intitulada "Dois principais candidatos brasileiros têm muito em comum".
"Somos diferentes na maneira de governar, nos valores éticos, na visão de mundo, nas questões macroeconômicas, na política externa, na qualidade de serviços públicos, educação, saúde e segurança pública", declarou o ex-governador.
Ele afirmou ainda que Lula faz "uma política atrasada" de investimentos, "movida pelo processo eleitoral". "É um tipo de política que deve ser superada. Tem que trabalhar desde o primeiro dia, e não deixar para fazer na véspera de eleição."

Estados com problemas
Na reunião do conselho político, os coordenadores estabeleceram que darão atenção especial a três Estados, apontados como zona de tensão no mapa de alianças: Maranhão, Espírito Santo e Amazonas.
No Maranhão, o presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), se comprometeu a pressionar a senadora Roseana Sarney (PFL-MA), que concorre ao governo local, para que faça um gesto em favor de Alckmin. Os tucanos reclamam que ela negocia apoio velado a Lula.
No Espírito Santo, os tucanos ainda buscam um palanque para Alckmin, já que o partido indicará o vice na chapa de Paulo Hartung (PMDB), mas o governador capixaba está inclinado a apoiar o presidente Lula na campanha à reeleição. O problema no Amazonas é conciliar as candidaturas rivais ao governo de Arthur Virgílio (PSDB) e Amazonino Mendes (PFL).
Segundo o vereador José Anibal, Alckmin disse ter telefonado para Aécio Neves e José Serra para minimizar o impacto de suas declarações sobre reeleição. Ao conselho, Alckmin alegou ter defendido a emenda da reeleição antes e que não queria parecer volúvel.
Alckmin inicia hoje oficialmente sua campanha por onde a de Lula terminou: no palanque de Luiz Henrique da Silveira (PMDB), em Santa Catarina. Foi em Florianópolis que Lula fez o último comício em 2002. (SILVIO NAVARRO)


Colaborou a Reportagem Local


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