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Após 1 ano, acusado pela PF volta à Petrobras
Ex-gerente, que foi preso em operação e responde a processo em liberdade, está hoje em órgão de pesquisa da estatal
Além de Carlos Heleno, que não quis se manifestar, mais um voltou; diretores de empresa acusada seguem
à frente de porto no Rio
ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO
Um ano depois, os principais
acusados pela Polícia Federal
de fraudes em licitações na Petrobras retomaram suas atividades normalmente. Em julho
de 2007, o Ministério Público
Federal ofereceu denúncia
contra responsáveis por supostas fraudes em licitações da estatal, que gerou mandados de
prisão preventiva contra 18
pessoas. Saldo: 14 presos, entre
empresários, advogados e funcionários da Petrobras.
Hoje os 28 denunciados respondem, em liberdade, a processo na 4ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, acusados
de corrupção ativa e passiva,
fraude em licitação, estelionato
e formação de quadrilha.
O processo está em fase inicial -a dos depoimentos de testemunhas de defesa. A previsão
mais otimista é que a sentença
de primeira instância saia no final de 2009. Os advogados poderão recorrer. Enquanto isso,
muitos dos acusados retomaram suas atividades.
Entre os cinco funcionários
da Petrobras acusados de participação no esquema, o de cargo
mais alto voltou aos quadros da
estatal, após sindicância interna. Carlos Heleno Netto Barbosa, que era gerente de unidade
de plataformas, hoje trabalha
no órgão de pesquisa Cenpes.
Além dele, Carlos Roberto
Velasco também voltou.
O grupo de diretores da Angraporto Offshore, acusado de
liderar a suposta quadrilha, voltou à direção da Planeta Operadora -empresa que tem concessão para administrar o porto de Angra dos Reis (RJ).
"Dá um desânimo. O processo penal é estruturalmente lento. Mesmo num contexto probatório significativo, com identificação do crime no momento
em que ele ocorre, o processo
se arrasta por anos", diz o procurador da República Carlos
Alberto Aguiar, autor da denúncia que resultou na Operação Águas Profundas.
A investigação, que durou
dois anos, revelou um esquema
de repasse de informações privilegiadas, por parte de funcionários da Petrobras, para fraudar licitações em favor da Angraporto Offshore -criada pela
Planeta Operadora exclusivamente para participar de contratos com a estatal. Fernando
da Cunha Sterea, Mauro Luiz
Zamprogno e Wladimir Pereira
Gomes, diretores da Angraporto, que chegou a receber cerca
de R$ 60 milhões para reformar plataformas, voltaram à direção da Planeta Operadora.
"A única empresa que acabou
foi a Angraporto. O resto está
igual. Do ponto de vista do porto, temos prejuízo. Perdemos
cargas por causa da operação",
diz Lúcio Azevedo, gerente portuário da prefeitura de Angra.
Segundo ele, Planeta Operadora e Angraporto são ainda a
mesma empresa, e a concessão
para administrar o porto, concedida em 2001, tem prazo de
25 anos. "Há constrangimento.
Mas como a concessão existe, é
ruim com eles, pior sem eles."
Procurados, os sócios da Planeta Operadora não foram localizados. Carlos Heleno Barbosa não quis se manifestar. A
estatal informou que ele foi punido com suspensão de 29 dias
e depois reincorporado. Três
funcionários da Petrobras foram demitidos na operação.
Rômulo Miguel Moraes, que
era gerente de plataforma, diz
que pretende recorrer à Justiça
para obter reintegração.
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