São Paulo, sexta-feira, 06 de outubro de 2000

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SÃO PAULO
Alckmin e Covas anunciam decisão do diretório do partido, que vai recomendar aos filiados que votem na candidata petista e proíbe manifestações de apoio ao pepebista
Contra Maluf, PSDB decide apoiar Marta

DA REPORTAGEM LOCAL

O PSDB em São Paulo decidiu recomendar a seus militantes que votem na candidata petista Marta Suplicy e proibir qualquer manifestação de apoio a Paulo Maluf, do PPB. À noite, após duas horas e meia de reunião, o PSDB anunciou a decisão em nota "aos militantes do PSDB na capital".
À tarde, em Brasília, a direção nacional do partido havia liberado os tucanos paulistas para decidirem como se comportar em São Paulo, mas com o alerta de que o PT é adversário do PSDB em 2002 e também nestas eleições.
O documento foi lido pelo candidato derrotado à prefeitura e vice-governador do Estado, Geraldo Alckmin, ao lado do governador de São Paulo, Mário Covas, e do presidente do diretório municipal do PSDB, João Câmara.
"Eu vou fazer a minha campanha pedindo voto para ela (Marta). Não só vou pedir para não que votem no Maluf como vou pedir para que votem na Marta", afirmou Covas, depois do encontro com mais cem lideranças tucanas municipais, estaduais e federais.
Questionado se a eleição da petista em São Paulo poderia afetar o PSDB nas eleições de 2002, Covas disse não saber avaliar agora. "Maluf elegeu Pitta e parece que isso não lhe causou nenhum mal. Ele, tal qual aquela cantora do passado, disse "errei, sim" e ficou por isso mesmo", afirmou.
Estavam presentes na reunião ministro da Saúde, José Serra, o líder do governo na Câmara, deputado Arnaldo Madeira, e um dos vice-presidentes do PSDB nacional, deputado Alberto Goldman.
"Fico muito feliz com o apoio dos tucanos porque isso é o melhor para São Paulo", afirmou Marta, ao saber da decisão.

Documento
A nota do PSDB, além de destacar o desempenho de Alckmin no primeiro turno, diz: "Por significar a negação da democracia, da ética e da justiça social, em detrimento do interesse público, o PSDB repudia, vigorosamente, a candidatura de Paulo Maluf à prefeitura". Apesar do apoio a Marta, os tucanos reafirmam no documento "suas profundas e notórias divergências doutrinárias, conceituais e políticas com o PT".
O governador disse que a posição do partido é apenas política. Covas destacou que, se eleita prefeita, Marta terá o PSDB como oposição, porque o PT faz "oposição ferrenha" ao seu governo.
"Ela terá do PSDB o tratamento que o PSDB tem do PT, menos as pedras, menos as pauladas na cabeça", disse Covas, numa alusão às agressões de que foi vítima em manifestações públicas recentes.
Covas afirmou ainda que não há "grande possibilidade" de gravar participação no programa eleitoral de Marta, lembrando encontro que manteve com a petista, na casa dela, entre o primeiro e o segundo turno das eleições 1998.
"À pergunta feita ela (sobre participação no horário eleitoral), ela respondeu: "Não há hipótese. Eu só dou meu voto!". Não, eu dou mais do que isso. O PSDB recomenda à sua militância votar e pedir voto para ela. Vai pedir nos seus próprios quadros, vai pedir por conta própria, vai pedir na rua. Não precisa subir no palanque de ninguém. Até porque nós não estamos fazendo acordo nenhum com o PT. Nós estamos votando na candidata Marta", disse.
"A outra alternativa era não votar em ninguém, era anular o voto, eu já vi muita gente fazer isso. É que o PSDB não tem o costume de ficar em cima do muro. Ele toma posição", afirmou Covas.
Câmara, do diretório municipal tucano, disse ainda que, em 1998, o PT levou "16 ou 17 dias" para manifestar o voto a favor de Covas e contra Maluf. "Nós só levamos seis dias", afirmou.
Para Covas, o apoio do PSDB à Marta não deve ser decisivo para definir a eleição. Segundo ele, o segundo turno em São Paulo será "agressivo" e "violento".




























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