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REFORMA AOS PEDAÇOS
Ponto que agrada a governadores foi vetado na Câmara
Senado ressuscita proposta de desvincular receita estadual
FERNANDA KRAKOVICS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os senadores ressuscitaram a
proposta de desvincular parte dos
orçamentos estaduais na reforma
tributária, o que havia sido vetado
pelo governo federal durante a
tramitação na Câmara dos Deputados. Os governadores teriam a
liberdade de gastar de 7% a 12%
das receitas, mas esses recursos
teriam de ser aplicados em saúde,
educação e assistência social.
O governo federal possui hoje a
DRU (Desvinculação de Receitas
da União), que concede liberdade
para gastar 20% do Orçamento. A
PEC (Proposta de Emenda Constitucional) da reforma tributária
prorroga o dispositivo, que acabaria em 2003, até 2007.
O plano dos governadores de
ter uma DRU estadual caiu por
terra depois que deputados e movimentos sociais ligados à educação e à saúde protestaram contra
a medida, alegando que diminuiriam os investimentos nessas
áreas. Hoje, os Estados são obrigados a aplicar 25% de suas receitas em educação e 12% na saúde.
"A idéia é desvincular em torno
de 10%, mas não para pagar custeio ou qualquer tipo de gasto administrativo. Seria para gastos na
educação, saúde e assistência social. Na verdade, não estamos
desvinculando, estamos criando
mobilidade social. Em um ano o
Estado pode investir mais em
educação, no outro, em saúde ou
assistência social, no Fome Zero",
disse o relator da reforma na CCJ
(Comissão de Constituição e Justiça), Romero Jucá (PMDB-RR).
A declaração foi dada ontem
após reunião com o ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda), o
secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, o líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP) e o presidente da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça),
Edison Lobão (PFL-MA). O encontro durou cerca de duas horas.
O objetivo da reunião foi detalhar as modificações propostas
pelo Senado no texto encaminhado pela Câmara. Uma delas é a diferenciação da base de incidência
do IPI (imposto federal) e do
ICMS (estadual). Um mesmo
produto não poderá ser tributado
pelos dois impostos. Ficariam
isentos do ICMS combustíveis,
bebidas e cigarros.
"Existem 20 mil itens tributados
pelo IPI que passariam para o
ICMS. Isso representa uma arrecadação grande para alguns Estados. Para outros, que teriam prejuízo por conta da questão dos
combustíveis, a idéia é criar um
dispositivo que diga que não haverá prejuízo. A União equalizaria
qualquer tipo de prejuízo", afirmou Jucá. Os senadores saíram
da reunião sem uma proposta
concreta para o fim da guerra fiscal, principal atrito entre os Estados, o que a reforma tributária
pretendia acabar.
O texto aprovado na Câmara estabelece que os incentivos concedidos até 30 de setembro valem
pelos próximos 11 anos, o que gerou o acirramento da guerra fiscal
com o objetivo de atrair empresas
até a expiração desse prazo.
As alterações feitas no Senado
terão de ser votadas novamente
na Câmara, o que só deve ocorrer
no próximo ano.
Para garantir a prorrogação da
CPMF e da DRU, fundamentais
para o orçamento federal de 2004,
a reforma deve ser fatiada. Esses
pontos seriam aprovados sem alteração, o que permitiria sua promulgação imediata. Os pontos
polêmicos da proposta seriam
discutidos depois.
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