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CIDADÃ REVISTA
CCJ da Câmara analisa projeto de revisão da Constituição; base aliada resiste
Deputado propõe assembléia para 2007
FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"O Brasil é tecnicamente ingovernável. Sem uma revisão mais
ampla, haverá um colapso", diz o
deputado federal Luiz Carlos Santos (PFL-SP) para justificar a
apresentação da proposta de revisão facilitada da Constituição a
partir de 2007. Santos foi ministro
de Assuntos Políticos (1996-1998)
do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Ontem, na Folha, FHC se declarou favorável à proposta de revisão da Constituição. O presidente
do PT, o ex-deputado federal José
Genoino (SP), se posicionou contra uma miniconstituinte. "Acho
totalmente disparatado", disse.
Para o autor da PEC (Proposta
de Emenda à Constituição) da revisão a partir de 2007, alguns integrantes do PT podem estar contra
talvez por não entenderem o conteúdo da proposta.
"É importante deixar registrado
que fiz essa proposta antes de
FHC se manifestar a favor do assunto. Além disso, estou preservando todas as cláusulas pétreas.
A reeleição será mantida, pois é só
a partir de 2007. E o presidente da
República que tomar posse em
2007 terá condições de limpar a
Constituição com maioria absoluta dos votos do Congresso, o
que torna muito fácil governar",
diz Luiz Carlos Santos.
A proposta começou a tramitar
em 28 de agosto. Está na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça)
da Câmara. O caminho a percorrer é longo. "Esse é um debate que
se iniciou quando os próprios
constituintes reconheceram que o
texto precisaria ser revisado cinco
anos depois da promulgação", diz
o senador Marco Maciel (PFL-PE), ex-vice-presidente da República e estudioso do assunto.
Para o líder do governo na Câmara, Aldo Rebelo (PC do B-SP),
"este não é o momento mais conveniente para se debater esse assunto". Como integrante da base
aliada, Rebelo sabe que essa proposta discutida agora poderia colocar em risco a continuidade das
reformas da Previdência e tributária, em tramitação no Senado.
A idéia de Luiz Carlos Santos é
simples e contém apenas quatro
artigos. Marca para 1º de fevereiro
de 2007 a instalação, por 12 meses,
da "Assembléia de Revisão Constitucional". Dessa forma, os deputados e senadores eleitos em outubro de 2006 já serão escolhidos
com a população sabendo que delegará a eles esse poder.
O texto da nova Carta seria
aprovado de uma vez e a forma de
aprovação proposta é "em dois
turnos de discussão e votação, pela maioria absoluta dos membros". A diferença em relação a
uma PEC comum é que hoje são
necessários três quintos dos votos
-um número muito mais difícil
de ser obtido por qualquer governo. Em sua proposta, Santos preserva todas as cláusulas pétreas da
Constituição -o que inclui separação dos Poderes, direitos individuais, entre outros itens.
Perplexidade
O ministro do STF Tribunal Federal Marco Aurélio de Mello disse ter ficado "perplexo" com a declaração atribuída ao vice-presidente do tribunal, Nelson Jobim,
de que, como deputado constituinte, ajudara a incluir na redação final da Constituição dois artigos que não tinham sido votados.
"A partir do momento em que é
possível inserir um dispositivo
sem o crivo dos demais constituintes, a segurança [jurídica] cai
por terra", afirmou, comentando
a revelação de Jobim ao jornal "O
Globo". Ele disse que falava como
cidadão e evitou críticas ao colega.
Conforme a reportagem, Jobim
disse que um dos artigos inseridos na última hora é o 2º, que estabelece: "São Poderes da União,
independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e
o Judiciário". O outro dispositivo
não foi divulgado.
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