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São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2003

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Jefferson é o favorito para suceder Martinez

RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O deputado Roberto Jefferson (RJ), 50, deve assumir o comando do PTB em substituição a José Carlos Martinez (PR), morto anteontem. Jefferson é o atual líder na Câmara. Ao lado de Martinez e do ministro Walfrido Mares Guia (Turismo), o deputado carioca participou das negociações e acordos que levaram a sigla a apoiar o governo Lula e a se transformar na quarta maior bancada da Câmara, com 55 deputados.
A decisão é dos deputados que estavam ontem em Curitiba acompanhando as operações de resgate do corpo de Martinez, morto num acidente de avião, mas terá de ser ratificada ainda pelo Diretório Nacional da sigla.
Praticamente toda a bancada do PTB é esperada para o sepultamento. É a bancada quem dá as cartas no partido, em razão da estratégia do próprio Martinez.
Martinez, ao lado de Jefferson e Mares Guia, decidiu fazer do PTB um "partido de deputados", para fazê-lo crescer e disputar mais espaço no governo. Aos políticos que aderiam ao partido era oferecida a direção regional, além de indicações para cargos, sobretudo no Ministério do Turismo. Graças a esse expediente, o PTB saltou de 26 deputados eleitos em 2002 para 55 na semana passada.
Na tarde da última sexta-feira, a expectativa de Martinez era a de filiar pelo menos outros três deputados nas próximas semanas, dois do PFL do Piauí e um do PP de Goiás. Seu novo projeto era ampliar também a bancada do Senado, com apenas três senadores.
Ao tornar o PTB um "partido de deputados", Martinez conseguiu praticamente unificar a linguagem do partido, que tem votado em peso com o Planalto nas votações de interesse do governo.
O projeto de Jefferson é o mesmo. Mas há dificuldades na relação. Tendo se tornado a quarta maior bancada da Câmara, o PTB reclama de uma participação maior que a pasta do Turismo.
Além disso, a sigla perdeu o controle sobre o comando da Infraero (Empresa Brasileira de Infra-Estrutura Aeroportuária), dirigida pelo ex-senador Carlos Wilson, que se incompatibilizou com o PTB e se filiou ao PT. Agora quer uma estatal de peso.
Jefferson herda de Martinez o projeto de tentar mudar a imagem de partido fisiológico. A exemplo de Martinez, que renunciou ao comando da campanha de Ciro Gomes (PPS), em 2002, por denúncias de irregularidades, Jefferson nunca se livrou do estigma de integrante da "tropa de choque" que defendia o ex-presidente Fernando Collor de Mello.
"Vamos continuar agigantando o partido. Para 2006, vamos apoiar Lula. A nossa intenção é conseguir fazer um candidato próprio em 2010", disse Jefferson.


Colaborou a Sucursal do Rio

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