São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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TRE intervém em disputa e fixa início do horário eleitoral no dia 15

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo fixou para o próximo dia 15 a data de início do horário eleitoral gratuito do segundo turno no Estado, em meio a queda-de-braço entre o PT e o PSDB.
A controvérsia sobre a data evidencia um descompasso no ritmo de campanha dos adversários pela Prefeitura de São Paulo, Marta Suplicy (PT) e José Serra (PSDB). Enquanto os tucanos se esforçam para congelar o resultado das urnas, os petistas têm pressa.
A Folha apurou que, ontem, os advogados da campanha de Serra, Ricardo Penteado, e de Marta, Hélio Silveira, estiveram no TRE para discutir a data de reinício da propaganda no rádio e na TV. Silveira, que chegou a telefonar para o juiz da 1ª Zona Eleitoral, José Joaquim dos Santos, em busca de uma definição, defendia que começasse no dia 13. O PSDB, por sua vez, que ficasse para o dia 18.
O juiz apresentou, então, um cronograma pelo qual o início será no dia 15. Hoje, um edital determinará que os boletins de urna fiquem à disposição por três dias. A partir daí, os interessados terão dois dias para tentar impugnar qualquer resultado. Só após isso, será proclamado o resultado oficial da eleição, 48 horas antes do início dos programas. "É claro que cada um quer puxar para um lado. Mas os dois concordaram com essa decisão", disse Santos.
Com a definição do dia 15 para o início do horário eleitoral, a propaganda terá 15 dias, já que acabará no dia 29, e será maior do que a das eleições presidenciais de 2002, que durou 12 dias, e menor do que a do último pleito municipal em São Paulo, que durou 16 dias.
Oficialmente, o PSDB nega que estivesse disposto a protelar a campanha para impedir uma reviravolta no cenário. "Não acreditamos que a campanha na TV altere o resultado", afirmou o deputado federal Walter Feldman.
O PT não quis comentar a definição da data. O partido também não participou do pacto proposto pelo PSDB para manutenção da cidade limpa. Ao apresentar a sugestão, Serra tenta pôr o PT numa sinuca de bico: pára a campanha ou é acusado de sujar a rua.

Abstenção
O PSDB teme que a coincidência do segundo turno, no próximo dia 31, com o feriado prolongado de Finados, que vai do dia 30 ao dia 2 do mês seguinte, afete o resultado das eleições em São Paulo.
Preocupado com um eventual aumento significativo do número de abstenções no segundo turno, o partido do candidato José Serra deverá fazer pesquisas para verificar a disposição do eleitor de sair da capital em meio ao feriadão e até liderar uma campanha pela presença no dia da votação.
O coordenador político da campanha do tucano, o deputado federal Aloyzio Nunes Ferreira (PSDB-SP), reconhece que "essa é uma variável que não estava presente no primeiro turno e, por isso, é um objeto de preocupação e ponto de reflexão". De acordo com ele, o partido já estava atento à ameaça no primeiro turno. Mas, naquele momento, chegar ao segundo turno era a prioridade.
Segundo o deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), outro dos coordenadores da campanha de Serra, a data de votação chegou a ser tema da conversa dos tucanos com magistrados do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo na tarde de ontem. "Os juízes chegaram a reconhecer que a legislação poderia ter sido alterada há um ano", contou Feldman, admitindo a preocupação de seu partido.
O coordenador-geral da campanha de Serra, José Henrique Lobo, chegou a afirmar que "foi um equivoco marcar a eleição" em meio ao feriadão, "uma coisa que passou despercebida pelo TSE. Se não, eles não teriam marcado".
Os três avaliam que não é possível mensurar o impacto disso nas campanhas, nem saber qual candidatura seria mais prejudicada pela coincidência.
A coordenação da campanha à reeleição da prefeita Marta Suplicy (PT) não quis comentar a possibilidade de o feriado do Dia de Finados aumentar a abstenção no segundo turno.
No último domingo, a abstenção na capital foi de 14,95% do eleitorado. Quem não votou no primeiro turno pode votar normalmente no dia 31.


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