São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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SÃO PAULO

Coordenador de campanha tucana assedia PDT e minimiza acusações contra Maluf, cujo partido deve declarar aliança com PT

Por apoio, PSDB admite até ter PP no governo

DA REPORTAGEM LOCAL

O comando de campanha do candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, admitiu ontem a possibilidade de o PP participar de seu governo. Ao comentar a hipótese, o coordenador político da campanha, o deputado federal Aloysio Nunes Ferreira, alegou que "Serra quer um governo bastante amplo, não só com todos os partidos que o apoiarem, mas com representantes da sociedade".
Serra, segundo Aloysio, "não quer um governo monocolor, de tucanos". Embora frisando que a montagem do governo não será "fundamentada apenas nos critérios eleitorais", o coordenador-geral da campanha, José Henrique Lobo, diz que não há objeção à participação do partido. "O PP tem nomes de larga experiência administrativa", disse ele, citando o deputado estadual Salim Curiati e seu filho, Curiati Jr., que disputou a campanha como vice de Maluf, como exemplos.
O deputado federal Walter Feldman, também coordenador da campanha de Serra, lembra que o PP participou do governo de Fernando Henrique Cardoso. E diz que o PSDB não quer é "fulanizar" a negociação.
Para justificar o assédio a Maluf, o ex-presidente nacional do PSDB José Aníbal tentou minimizar as acusações que pesam sobre ele. "O pessoal da CPI do Banestado diz que não tem elementos para convocá-lo. Não podemos desencadear conversas políticas só com base em suposições. Nós temos objetivamente um propósito que é eleger o nosso candidato prefeito de São Paulo. E vamos fazer isso com informações objetivas sobre as outras forças políticas, as outras lideranças, quanto é possível compor com elas", disse Aníbal, que acompanhou Serra em caminhada em Tatuapé.
Aníbal, que foi o vereador mais votado desta eleição, com 165.880 votos, chegou a afirmar que Maluf havia liberado ontem os vereadores do partido para apoios. O PP, no entanto, negou.
O assédio dos tucanos aos malufistas não se restringe aos contatos feitos por Aloysio Nunes Ferreira com Celso Russomanno. Segundo a Folha apurou, os vereadores Wadih Mutran e Antonio Salim Curiati já foram procurados para um entendimento. Em vez de um apoio direto, o PSDB busca no PP a neutralidade do partido. A Folha apurou, porém, que a tendência é que o PP declare apoio a Marta Suplicy (PT).

Derrotados
Aloysio já procurou o comando de todos os partidos derrotados no primeiro turno. Com alguns interlocutores, pôs Serra ao telefone. No caso do PDT, além de oferecer a oportunidade de participação no governo, o PSDB lembrou ter apoiado o pedetista João Henrique Carneiro em Salvador já o primeiro turno. Os tucanos pediram que ele intercedesse em favor de Serra junto a Paulinho.
Serra afirmou ter interesse no apoio de Paulinho e que há uma proximidade entre o PSDB e o PDT. "Tenho o maior interesse numa aproximação. Nós temos relação com o PDT. Inclusive na Bahia, o candidato a prefeito é do PDT e o vice é do PSDB, um exemplo claro da proximidade que temos como partido. O PSDB, PDT e o PFL chegaram a fazer uma aliança nacional de oposição, mas eu não diria que já há um entendimento imediato a esse respeito", afirmou. (CATIA SEABRA e RICARDO BRANDT)


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