São Paulo, quarta-feira, 06 de outubro de 2004

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CÂMARA

Oito candidatos ligados a igrejas foram eleitos, um a mais do que em 2000; comportamento do grupo é imprevisível, diz vereador

Bancada evangélica aumenta e muda de perfil

DA REPORTAGEM LOCAL

A bancada evangélica na Câmara Municipal de São Paulo cresceu pouco, mas mudou muito. Passou dos atuais sete vereadores para oito. No entanto apenas três já têm mandato atualmente.
Os evangélicos votam unidos quando se trata de interesses da igreja e cobram caro seu apoio. Um dos exemplos mais eloqüentes aconteceu no primeiro ano de Marta Suplicy (PT) na prefeitura, quando aprovaram uma lei que relaxava as regras de barulho para os templos religiosos, em troca de apoio a projeto que criava cargos.
A prefeita vetou a maior parte do texto depois de aprovado pelos vereadores, mas o vereador evangélico Carlos Apolinário (PDT) acusou o golpe e reclamou então que o "PT não cumpriu sua palavra".
Apolinário, da Assembléia de Deus, é um dos únicos reeleitos, ao lado do Bispo Atílio (PTB), da Universal do Reino de Deus, e do vereador Carlos Alberto Bezerra Júnior, do PSDB.

Cantora pop
Entre os novos evangélicos na Câmara Municipal, há de tudo um pouco. Vão desde a cantora Noemi Nonato (PSB), uma das mais pops entre esses religiosos, até Marta Costa (PTB), eleita pela coligação com o PT, mas com fortes vínculos malufistas. Seu pai, o pastor José Wellington, é o líder do Ministério do Belém da Assembléia de Deus, o mais poderoso de São Paulo, que declarou apoio a Paulo Maluf (PP).
Completam a nova bancada evangélica o ex-deputado federal Jorge Tadeu (PMDB), Jorge Borges (PP) e a Bispa Lenice (PV).
Dos quatro vereadores evangélicos que saíram, um nem tentou uma vaga e os outros três perderam o apoio de suas igrejas.
O comportamento da nova bancada, dizem os próprios evangélicos, é imprevisível. "Qualquer análise é prematura. É muito difícil saber que linha terá essa bancada. Só peço a Deus que se una pelos interesses da cidade, que não seja uma bancada de despachantes da igreja", afirma o vereador reeleito Bezerra Jr. (PSDB), mas não afinado com a bancada.
Entre os atuais evangélicos, o tucano foi o único a ser indicado pela ONG Voto Consciente, que analisa o trabalho do Legislativo.
Além dos oito, há ao menos duas recém-convertidas, Claudete Alves (PT) e Myryam Athiê (PPS), que receberam pela primeira vez o apoio da Igreja Evangélica na campanha. Nesses casos, a igreja contribuiu, mas não foi definitiva para a eleição.
A petista aparece em folhetos de campanha, inclusive, ao lado de um deputado estadual tucano, o Bispo Gê, que obviamente apóia José Serra (PSDB).


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