|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
análise
Seis impostos foram elevados na gestão Lula
GUSTAVO PATU
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Pelo menos seis impostos
e contribuições federais tiveram sua carga elevada pelo
governo Luiz Inácio Lula da
Silva, incluindo os dois que
incidem diretamente sobre
os salários -o Imposto de
Renda das pessoas físicas e a
contribuição previdenciária.
Os demais tributos elevados são do tipo indireto, ou
seja, acabam embutidos nos
preços dos bens e serviços.
Tais tributos também afetam, nas palavras de Lula,
"quem vive de salário" -e
são mais onerosos para os
pobres do que para os ricos.
Nem sempre os aumentos
de tributos são explicitados
na forma de alíquotas mais
altas. Uma instrução normativa da Receita Federal, por
exemplo, pode estabelecer
nova interpretação da lei e
ampliar o alcance do imposto. Parte da escalada da arrecadação nos últimos anos se
deve a medidas que passaram quase despercebidas.
É o caso da elevação do teto para os benefícios do INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social), que, com a reforma da Previdência do primeiro mandato, passou de de R$ 1.869 para R$ 2.400 em
janeiro de 2004. Não se tratou apenas de uma vantagem
aos aposentados do futuro:
aos assalariados do presente,
as contribuições previdenciárias passaram a incidir sobre valores mais altos. A
mesma reforma criou a contribuição previdenciária dos
servidores públicos inativos,
combatida pelo PT nos tempos de oposição.
Já a maior tributação pelo
IR das pessoas físicas se tornou notória desde o governo
Fernando Henrique -quando o arrocho foi maior. Basta
que o governo mantenha intocada a tabela de cálculo do
imposto, ou aplique um índice de correção inferior à inflação, e uma parcela maior
da renda do contribuinte vai
para os cofres do Tesouro.
O IR é progressivo, ou seja,
quanto maior a renda, maior
a alíquota do imposto. Com a
tabela congelada, o que se
manteve até 2004, qualquer
aumento de salário ou de lucro, mesmo inferior à variação dos preços, significará
uma carga tributária mais alta. As centrais sindicais impuseram correções da tabela
a partir de 2005, mas não foi
o suficiente para compensar
a inflação acumulada.
Juntos, IR e contribuição
previdenciária tiveram sua
arrecadação elevada de
10,28%, em 2002, para
11,21% do PIB (Produto Interno Bruto), quase a metade
da carga federal e um terço
da carga total, de 34,23% em
2006, recorde histórico. Obviamente, os ganhos não decorreram apenas dos aumentos promovidos por Lula. Mas também é enganosa a
retórica oficial que atribui
todos os resultados ao crescimento da renda e do emprego com carteira assinada.
O aumento mais explícito
de um tributo no período foi
o da Cofins, uma das contribuições destinadas a financiar a área social. Atendendo
a uma determinação legal
herdada dos anos FHC, o governo alterou a sistemática
de cobrança da Cofins e adotou uma alíquota que, em vez
de manter a receita como
prometido, elevou-a.
Na única alteração palpável produzida pela fracassada reforma tributária de
2003, PIS e Cofins também
passaram a incidir sobre produtos importados. A opção
por elevar contribuições sociais, o que também incluiu a
CSLL, não é por acaso: a receita delas não precisa ser
compartilhada com Estados
e municípios, ao contrário do
que ocorre com os impostos.
Texto Anterior: Lula sai em defesa da CPMF e de carga tributária maior Próximo Texto: Fiesp e CUT criticam fala de Lula sobre carga fiscal Índice
|