São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Quintão, em BH, lidera lista de surpresas no 1º turno

Resultados afastam Lula de palanques em Minas e Bahia

KENNEDY ALENCAR
EM SÃO PAULO

Os resultados do primeiro turno das eleições municipais trouxeram surpresas -algumas já vinham sendo apontadas pelas pesquisas da reta final, mas a intensidade dos fenômenos pode ser resumida no personagem Leonardo Quintão, que passou ao segundo turno em Belo Horizonte.
Quintão é um deputado federal do PMDB que começou a campanha com 2% de intenção de voto. Bom de TV, recorreu a um figurino mineiro típico que se pretende íntimo do eleitor. Deu certo. De azarão, chegou à reta final obrigando o candidato do PSB, Márcio Lacerda, a enfrentar um segundo turno.
Candidato de dois pesos-pesados da política mineira -o governador Aécio Neves (PSDB) e o prefeito Fernando Pimentel (PT)- Lacerda tende a perder na segunda fase, se confirmada a onda Quintão.
A passagem de Gilberto Kassab ao segundo turno, já apontada pelo Datafolha na última quarta-feira, ganhou brilho. Marqueteiros acham que Kassab recebeu o chamado voto envergonhado -de eleitores do PSDB e de partidos de centro-esquerda que não admitem publicamente a opção pela direita.
Na apuração, Kassab emparelhou com Marta Suplicy (PT) na liderança no primeiro turno. O democrata agora é favorito, e Marta precisa surpreender. Padrinho político de Kassab, o governador José Serra (PSDB) sai fortalecido, enquanto o aecista Geraldo Alckmin deixa a eleição menor do que entrou.
No Rio de Janeiro, o Datafolha apontou a chance de Gabeira passar à segunda fase dias antes da eleição, mas houve um movimento de última hora que o colocou com folga na segunda etapa, superando o senador Marcelo Crivella (PRB).
Gabeira fez críticas ao governo Lula e é apoiado pela oposição. Mas o candidato das forças lulistas, Eduardo Paes (PMDB), disparou ataques contra a família do presidente no escândalo do mensalão. Lula não se empenhará por ele.
Os partidos da base governista tiveram bom desempenho na primeira fase. Isso vai dificultar a presença de Lula nos palanques do segundo turno. Como ele fará campanha em Belo Horizonte ou Salvador?
Na capital baiana, se enfrentam o prefeito João Henrique (PMDB), apoiado pelo ministro Geddel Vieira Lima (Integração Nacional), e o deputado federal Walter Pinheiro (PT).
Na Bahia, o deputado federal ACM Neto (DEM) repetiu a trajetória de decadência do carlismo. Individualmente, não foi mal, mas não vai para a segunda fase. PT e PMDB continuam a ser as principais forças baianas.
O presidente não colheu bons resultados em três campanhas nas quais se empenhou. Em São Paulo, Marta perdeu força na reta final. Apostou tudo em Luiz Marinho para fechar a eleição no primeiro turno em São Bernardo, mas falhou. Em Natal, venceu Micarla de Souza (PV), apoiada pelo oposicionista e senador José Agripino Maia (DEM-RN).
Por ora, está claro que Lula apoiará Marta, mas seu projeto preferencial é tentar eleger a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) em 2010. Dilma, aliás, ajudou o PT em Porto Alegre, com Maria do Rosário tirando Manuela D'ávila (PC do B) do segundo turno contra José Fogaça (PMDB). D'ávila era a candidata de Ciro Gomes, que também teve decepção em Fortaleza. Sua ex-mulher Patrícia Saboya (PDT) ficou em terceiro.


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