São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Ida de Quintão ao 2º turno impõe derrota a Aécio e Pimentel

Apoiado pelo governador e pelo prefeito, Márcio Lacerda ficou com 43,6% dos votos, contra 41,2% do peemedebista

Resultado apertado causou surpresa; última simulação de 2º turno do Datafolha apontou Lacerda com 47% e Quintão com 42% dos votos


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELO HORIZONTE

FERNANDA ODILLA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE

A disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte terá segundo turno. Marcio Lacerda (PSB), candidato do governador tucano Aécio Neves e do prefeito petista Fernando Pimentel, não evitou uma nova votação. Na última semana, viram Lacerda cair e a candidatura do deputado federal Leonardo Quintão (PMDB) disparar.
Lacerda teve 43,6% dos votos válidos e Quintão, 41,2%. O resultado apertado foi uma surpresa, pois Lacerda havia mantido larga vantagem nas pesquisas desde agosto.
Na simulação de segundo turno feita pelo Datafolha em pesquisa dos últimos dias 3 e 4, a disputa sinaliza ser acirrada. Lacerda tem 47% e Quintão, 42%. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
A campanha de Quintão teve dois momentos. Para enfrentar o apoio de Aécio e Pimentel, ele inicialmente exibiu em seu programa eleitoral ministros do PMDB como Hélio Costa (Comunicações) e José Gomes Temporão (Saúde). Não deu certo. Trocou o marqueteiro e passou a aparecer sozinho na TV, sem padrinhos. Buscava um contraponto a Lacerda.
Quintão adotou o discurso de que mais importante do que obras é "cuidar de gente". Ao mesmo tempo, sempre repetiu ser "amigo" e "aliado" de Aécio.
Lacerda e Quintão vão se confrontar em outro ambiente político, mais acirrado, com cobranças e provocações.
O PMDB já começou a cobrar independência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na disputa, por estarem disputando dois candidatos da base aliada (PMDB contra PSB, coligado com o PT-o apoio do PSDB é informal). Peemedebistas também provocam o governador e o prefeito Pimentel.
"O eleitor de Belo Horizonte mostrou que vota com independência, que não aceita, como nunca aceitou, caciquismo político", disse Hélio Costa.
Costa é um ferrenho crítico da aliança construída por Aécio e pelo prefeito. Isso porque já mira em 2010, quando ele e Pimentel podem disputar a eleição para o governo de Minas.
Quintão, no entanto, só elogia Aécio. Indagado se a ocorrência de segundo turno era uma derrota do tucano, disse: "Considero uma vitória de BH. Essa é uma eleição que só tem vitória, não tem perdedor".
Pimentel reagiu: "Se Leonardo Quintão quer apoiar Aécio, deve votar em Lacerda, que é o candidato do governador".

Saia-justa
Ontem, Quintão e aliados foram acompanhar o voto do vice-presidente José Alencar (PRB), dizendo ter sido convidados. Mas a assessoria de Alencar negou o convite -disse ter divulgado só horário e local de votação. Alencar apoiou a candidatura da deputada federal Jô Moraes (PC do B), que foi ao encontro do vice-presidente e não gostou da "invasão" peemedebista, apurou a Folha.
Ao ser questionado sobre um possível apoio a Quintão, Alencar disse que era "cedo para falar" sobre segundo turno.
Jô, que obteve 8% dos votos válidos, condicionou o apoio a Quintão a uma decisão da direção nacional do PC do B e a conversas com o PRB de Alencar e petistas dissidentes. Disse acreditar que seu partido não deve apoiar Lacerda.


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