São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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Rosário confirma vantagem e vai ao 2º turno com Fogaça

Petista supera a candidata do PC do B, Manuela D'Ávila; atual prefeito do PMDB obteve 44% dos votos válidos

Maria do Rosário tem 23% e Manuela, 15%; ministra Dilma Rousseff evita falar sobre a presença de Lula na campanha do 2º turno


GRACILIANO ROCHA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

MÁRIO MAGALHÃES
ENVIADO ESPECIAL A PORTO ALEGRE

Maria do Rosário (PT) superou Manuela D'Ávila (PC do B) e disputará o segundo turno da eleição para prefeito de Porto Alegre contra o postulante à reeleição, José Fogaça (PMDB). O prefeito obteve 346.427 votos (43,85% dos votos válidos).
Rosário recebeu 179.587 (22,73%), Manuela, 121.232 (15,35%), Luciana Genro, 72.863 (PSOL, 9,22%), Onyx Lorenzoni, 38.803 (DEM, 4,91%) e Nelson Marchezan Junior, 22.365 (PSDB, 2,83%).
É o pior desempenho do PT desde a eleição de Olívio Dutra em 1988. Daquele ano em diante o partido superou a casa dos 30%. Após 16 anos no poder, perdeu o pleito de 2004.
Em um café-da-manhã de petistas, mesmo antes da abertura das urnas, os ministros Tarso Genro (Justiça) e Dilma Rousseff (Casa Civil) divergiram sobre a presença de Lula (PT) na campanha do segundo turno -o presidente não participou no primeiro.
Tarso apelou a Lula para subir no palanque de Rosário. Dilma irritou-se com perguntas a respeito e afirmou que a condição de ministra impõe silêncio.

O direito de pedir
"Vou pleitear que ele venha", disse o ministro, repetindo o que faz há dias. "Qualquer decisão que ele tomar nós vamos respeitar. Quem representa o projeto do presidente Lula é a Maria do Rosário. [...] Fogaça foi apoiador do Alckmin [em 2006]. Vou solicitar ao presidente, a gente tem o direito de pedir, de tentar convencer."
Dilma disse não saber se Lula irá à capital gaúcha. "Eu respondo por mim. Virei fazer campanha como fiz até agora. [...] Não vou me manifestar sobre o presidente Lula. Não fiz isso antes em nenhuma cidade, não tenho por que fazer aqui."
Uma repórter comentou que Tarso defende a entrada de Lula na campanha. Dilma reagiu: "Sugiro que você faça uma entrevista com ele, minha filha, porque eu não vou falar sobre o que outra pessoa disse".
Acrescentou: "Não manifesto a minha opinião a respeito do que o presidente deve ou não deve fazer, até porque eu sou ministra dele e me coloco numa posição de respeito a ele nas suas decisões. Eu acato as decisões. Jamais você vai me ver falando, nessa e em outras questões, sobre o que o presidente deve ou não deve fazer. O que eu acho que ele deva ou não fazer eu só falo para ele".

Campanha municipal
A ministra não associou à eleição de 2010, quando Lula pretende fazê-la sua sucessora, o desempenho do PT e das siglas aliadas. "Nós estamos fazendo no Brasil uma campanha estritamente municipal. O resto é ilação."
Como Tarso, o ministro Guilherme Cassel (Desenvolvimento Agrário) defendeu em público Lula na campanha. O ex-ministro Olívio Dutra (Cidades) seguiu Dilma e disse que não se pode criar "constrangimento" ou "saia-justa" para Lula. "Não acho indispensável o presidente estar em todos os palanques no segundo turno."
Olívio qualificou o presidente como "estadista", mesmo adjetivo que o prefeito Fogaça voltou a empregar ontem para se opor a Lula na campanha. O PMDB de Fogaça integra a base do governo federal, mas no Estado sua tradição é de oposição ao petismo.
O senador Pedro Simon (PMDB-RS) criticou a exposição política da ministra. "É capaz de hoje, em tese, a Dilma ter mais simpatizantes dentro do PMDB do que no PT. Acho até que ela deveria se resguardar um pouco." Para Simon, a intervenção de Lula "é uma coisa muito delicada".
Fogaça sintetizou a campanha: "Nós tivemos oito candidatos nesta eleição. Sete deles só o que fizeram foi criticar o governo. O que aconteceu o tempo todo foi o governo crescer nas pesquisas".
Pesquisa Datafolha fechada anteontem indicava vantagem de 17 pontos percentuais de Fogaça sobre Rosário no segundo turno (52% a 35%). À noite, Luciana Genro disse que o PSOL não vai recomendar voto em nenhum candidato.


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