São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REAÇÃO OFICIAL

Em entrevista improvisada na Argentina, presidente afirmou ser absurda a acusação de que dinheiro público abasteceu "valerioduto"

Caso BB é "denuncismo vazio", diz Lula

Flavio Florido / Folha Imagem
Imagem de Lula durante seu discurso na Cúpula das Américas


CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A MAR DEL PLATA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não mudou uma vírgula o seu discurso sobre a crise no Brasil nem depois das acusações de que o dinheiro que irrigou o "valerioduto" saiu da Visanet, empresa em que o Banco do Brasil tem participação.
"Eu acho um absurdo essa tese. O que nós precisamos no Brasil é parar com denuncismo vazio e com insinuações que são desmentidas no dia seguinte", afirmou Lula, em improvisada entrevista coletiva, convocada de último momento e concedida no mezzanino do Hotel Hermitage, QG da 4ª Cúpula das Américas, ontem encerrada.
Lula insistiu em que "as apurações estão sendo feitas" e que é "inexorável" que sejam feitas seja pela CPI, pelo Ministério Público, pela Polícia Federal e pelo Banco do Brasil, para engatar:
"Como o presidente da República não pode absolver antes ou condenar antes. O que eu acho prudente é que as pessoas não acusem ninguém nem do PT nem de outro partido político, nem absolvam sem ter prova final do processo porque senão nós ficaremos execrando instituições e personalidades antes de a gente apurar. Eu quero que as coisas sejam esclarecidas porque a sociedade brasileira precisa mais do que nunca ter a verdade mais absoluta sendo apurada e constatada."
Insistiu também na obviedade de que, depois da apuração, "quem cometeu irregularidades terá que ser punido de acordo com a lei. Esse é o nosso desejo, esse é o nosso trabalho e vamos fazer isso com tranqüilidade, e, no meu caso, com a tranqüilidade de alguém que como presidente não pode ficar falando as coisas de forma intempestiva".
Fechou o raciocínio com outra frase já dita várias vezes ao longo da crise: "Ou eu aguardo o resultado final, acredito nas instituições que estão trabalhando e depois disso eu me pronuncio, ou posso cometer injustiças com os outros e aí eu não posso me queixar daqueles que cometem injustiças comigo".
Por fim, manifestou a fé na hipótese de que as CPIs continuem "funcionado da forma mais democrática possível" e produzam um "resultado que vai ser bom para o povo brasileiro".
O presidente não quis comentar a manchete de capa da Folha de ontem, alegando não ter lido o material. Mas fez questão de elogiar o ministro da Justiça: "Ninguém pode colocar em dúvida a lisura e o comportamento de um homem da estatura de Márcio Thomaz Bastos", afirmou.
A Folha informou que a Polícia Federal acusa, em relatório, um órgão do Ministério da Justiça de "criar obstáculos" para as investigações.


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