São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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Serraglio nega ilação e diz em nota que caso BB "está documentado"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Para responder às acusações de que foi "imprudente e precipitado" ao concluir e divulgar que dinheiro público alimentou o caixa dois do PT, o relator da CPI dos Correios, Osmar Serraglio (PMDB-PR), disse ontem, por meio de nota, que não houve "ilação" e que "os fatos estão documentados".
O Banco do Brasil soltou uma nota anteontem repudiando as conclusões de Serraglio. A nota do BB foi parte de uma forte reação deflagrada ontem pelo governo contra os resultados antecipados das investigações feitas pelo Congresso.
Serraglio concluiu que pelo menos R$ 10 milhões da cota do Banco do Brasil no Fundo de Incentivo Visanet haviam financiado o "mensalão". O dinheiro era destinado à divulgação dos cartões de pagamento e de crédito da bandeira Visa, de um total de R$ 73,8 milhões repassados, antecipadamente, à DNA Propaganda em 2003 e 2004. A DNA é uma das agências de publicidade da qual Marcos Valério foi sócio.
Desse valor repassado para a DNA, o BB apura serviços que não teriam sido prestados, no total de R$ 9,1 milhões. Depois disso, parte do dinheiro pago pelo Bando do Brasil à DNA foi transferido para o BMG.
O valor da transferência foi de R$ 10 milhões, o mesmo valor do empréstimo concedido quatro dias depois à empresa de Rogério Tolentino, advogado sócio de Marcos Valério.
O empréstimo, jamais pago, é apontado pelo publicitário mineiro que operou o "mensalão" como uma das fontes de financiamento do caixa dois do PT.
"Não houve qualquer ilação do relator. Os fatos estão documentados. É preciso observar que são duas situações: uma, a transferência de recursos, a partir do BB até o PT; outra, a não prestação de serviços. Os valores são assemelhados e se compensariam", diz Serraglio na nota.
O relator chegou a ser irônico na nota: "Vai ser o Marcos Valério, agora, depois de uma CPMI e auditoria, que comprovará os serviços? O pagamento foi feito há mais de ano e meio atrás... Basta dizer que a CPMI tem duas versões da contabilidade da empresa. Ainda assim, com várias inconsistências e períodos não registrados. Aliás, estava incinerando notas", diz ele sobre o fato de a polícia ter encontrado notas fiscais das empresas de Marcos Valério queimadas em Belo Horizonte.


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