FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Cerca de 150 lavradores ligados ao MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) incendiaram ontem um trator e uma carroça no engenho Manguinhos, em São José da Coroa Grande (140 km de Recife).
Segundo o movimento, a propriedade foi invadida pelo grupo anteontem, em protesto contra o não-esclarecimento da morte do agricultor Josuel Fernandes da Silva, assassinado em 2004.
Os invasores ameaçam atear fogo a mais três tratores e uma caminhonete do engenho, caso o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) não inclua o imóvel entre os prioritários para vistoria e desapropriação.
A superintendente do Incra em Recife, Maria de Oliveira, não estava em Pernambuco, mas a assessoria informou que ela não negociará sob pressão. Os donos do engenho reivindicam na Justiça liminar de reintegração de posse do terreno (1.600 ha).
A juíza Carla Vasconcellos, solicitou parecer do Ministério Público do Estado. "Vamos tentar uma solução pacífica", disse. Segundo ela, o processo sobre a morte do agricultor não está parado. Um homem foi acusado, teve prisão preventiva decretada, mas está foragido, disse.
O lavrador assassinado era ligado ao MST e morava com a família no engenho. Na madrugada de 15 de dezembro de 2004, foi atacado por homens encapuzados, espancado e baleado. Ele andou quatro quilômetros, conseguiu chegar em casa, mas morreu em um hospital de Recife, no dia seguinte. Desde então, o MST promete vingar o assassinato.


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