São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIOLÊNCIA
Traficante estaria em avião brasileiro destruído na quarta-feira; aeronave caiu em área controlada por guerrilheiros
Colômbia pode ter matado Beira-Mar

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA E

DA REPORTAGEM LOCAL

Um relatório do governo da Colômbia classifica como "altamente provável" a hipótese de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, um dos maiores traficantes do país, ser um dos ocupantes de uma aeronave com prefixo brasileiro destruída naquele país na última quarta-feira.
As informações sobre a possível morte do criminoso foram levantadas pelo serviço de inteligência militar da Colômbia e repassadas às autoridades brasileiras anteontem à tarde, apurou a Folha.
Como ainda não foram feitos os reconhecimentos dos corpos de quem estava no avião, a suspeita não foi confirmada. O relatório do serviço de inteligência diz, segundo a Folha apurou, que dois aviões foram destruídos, dos quais somente um tinha prefixo brasileiro. Logo depois do incidente e antes de ser levantada a hipótese da presença de Fernandinho Beira-Mar na aeronave, a FAC (Força Aérea da Colômbia) informou que um avião havia entrado ilegalmente no território colombiano pela selva ao sul do país, saindo do Brasil, e aparentemente transportando drogas.
Segundo a FAC, seu sistema de defesa aérea detectou o movimento de um bimotor em Vaupés, a sudoeste do país. O avião foi destruído, conforme a FAC, em uma pista perto do rio Apaporis, onde havia pousado.
O governo da Colômbia e a Embaixada do Brasil em Bogotá negam que Beira-Mar tenha morrido morrido em decorrência da derrubada do avião. A assessoria da FAC informou que não há ainda confirmação de corpos no avião abatido.
"É puro boato. O governo colombiano não identificou os mortos. Nosso adido militar entrou em contato com a Polícia Federal brasileira, que tem informações de que o traficante está vivo", afirmou Marcos de Vicenzi, embaixador brasileiro na Colômbia.

Identificação
A identificação conclusiva dos ocupantes da aeronave está sendo dificultada porque o local onde os aviões foram destruídos está dentro de um território controlado pelas Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia), grupo guerrilheiro marxista que luta contra o governo da Colômbia.
O serviço de inteligência colombiano acredita que dentro da aeronave abatida se encontrava o comandante Negro Acácio, um dos principais líderes das Farc.
Políticos ligados às Farc procurados pela Folha negaram ontem a morte de Negro Acácio.

Rio desconhece
A Secretaria de Segurança Pública do Rio não recebeu informação que confirme a suspeita de que Fernandinho Beira-Mar tenha morrido na Colômbia.
Beira-Mar é conhecido por ser um grande atacadista de drogas (sobretudo a maconha) e armas. A atuação dele visa abastecer principalmente a região Sudeste. Estão na sua rota Estados como Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.
Os rumores de que Beira-Mar estaria na Colômbia existem desde meados de 1999, mas nunca foram confirmados. O governo colombiano tem repassado informações à embaixada brasileira sobre supostas atividades do traficante Fernandinho Beira Mar no país desde o início de 2000.
Segundo os relatórios, o traficante faria parte de um esquema triangular de troca de cocaína por armas contrabandeadas da Guiana Francesa. O esquema teria ramificações em Belém e Recife.
Segundo as informações da Colômbia, as armas enviadas por Fernandinho seriam repassadas às Farc. Mas a relação entre o traficante brasileiro e a guerrilha nunca foi confirmada.
O secretário de Segurança Pública do Rio, Josias Quintal, chegou a viajar para a Colômbia, em outubro passado, na esperança de trazer o traficante preso. Mas a missão fracassou.


Colaborou a Sucursal do Rio


Texto Anterior: Decreto-lei era melhor, diz Velloso
Próximo Texto: Índios: Missão policial será enviada à área ashaninka
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.