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Dops apreendeu equipamento de espionagem
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Relatórios do Dops (Departamento de Ordem Política e Social) relacionam a
Varig a uma tentativa de instalação de um transmissor
no porto da cidade gaúcha
de Rio Grande para fazer espionagem pró-alemã.
Os documentos do Dops
ligando a empresa ao caso
estão no Arquivo Público do
Estado do Rio de Janeiro e
também foram localizados
pelo historiador Alexandre
Fortes, que confrontou as investigações norte-americana
e brasileira sobre a Varig.
Em novembro de 1939, o
Dops gaúcho descobriu no
então Aeroporto São João,
em Porto Alegre, nas proximidades de onde se localiza
hoje o Aeroporto Internacional Salgado Filho, caixas
que estavam sendo transportadas clandestinamente
com equipamentos para a
montagem de uma estação
de rádio-telegrafia.
O Dops monitorou em sigilo a carga e acompanhou
seu envio, em um avião da
Varig, para a cidade de Rio
Grande, onde o material foi
apreendido por policiais.
Segundo a investigação do
Dops, o equipamento seria
instalado em um navio alemão que estava ancorado no
porto de Rio Grande.
Relatório preparado pelo
delegado Theobaldo Neumann, do Dops, com data de
28 de novembro de 1940, diz
que a estação de transmissão
serviria para informar "os
navios de guerra de superfície (corsários) e os submarinos alemães em ação na costa do sul do Brasil sobre a
existência de navios inimigos, seus movimentos dentro e fora dos portos".
De acordo com Alexandre
Fortes, a iniciativa coincidia
com a presença de navios da
marinha inglesa no litoral da
América do Sul, que no mês
seguinte enfrentariam a embarcação alemã Graf von
Spee na costa gaúcha.
O relatório de Neumann
diz que, além de transportar
o equipamento, a Varig pagou as passagens de um alemão que veio ao país montar
a estação de transmissão.
A documentação do Dops
mostra que Meyer foi preso
por três dias e interrogado
por causa do episódio envolvendo o equipamento de rádio-telegrafia. Segundo o relatório de Neumann, Meyer
deixou claro que não era filiado ao Partido Nacional
Socialista dos Trabalhadores
Alemães, apesar de ter simpatia pela agremiação e ser
um "adepto" de suas idéias.
O delegado do Dops registrou que Meyer afirmou participar da Frente Alemã do
Trabalho, grupo que teve
atuação política em programas de lazer e esportes de
massa do regime nazista.
O Dops arquivou ainda
uma lista apreendida em
1942 com um cobrador do
Partido Nacional Socialista
dos Trabalhadores Alemães,
o Partido Nazista, que tinha
71 nomes de supostos contribuintes. Entre eles estavam o de Otto Ernst Meyer,
fundador da Varig, e de outros empresários gaúchos.
Outro relatório do Dops,
sem título nem data, mas
que pelos fatos que narra foi
provavelmente escrito em
1940, diz que Meyer se correspondia com agentes nazistas que atuavam no Brasil.
Entre eles, afirma o relatório, estavam Bernardo
Maahs e Wolfgang Neise,
que tinham sido presos e extraditados por chefiar uma
rede de espionagem na fronteira do Brasil com a Argentina e o Paraguai e alistar colonos gaúchos para o exército alemão.
(SN)
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