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Aumento do salário mínimo contribuiu, afirmam analistas
DA REDAÇÃO
A redução do número de pobres na região metropolitana
de São Paulo entre 2004 e 2005
se deve a "mudanças no mercado de trabalho", dizem especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de
emprego do IBGE, o aumento
do salário mínimo e a queda da
inflação favoreceram mais
quem ganha menos.
Esses fatores também são
apontados pelo sociólogo
Eduardo Marques, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Para ele, os dados do estudo indicam uma tendência nacional de redução da pobreza,
que vem desde os anos 90.
Essa tendência, segundo ele,
é provocada também por mudanças demográficas e pela elevação nos patamares de escolaridade. "É um processo com várias causas, o que indica que é
duradouro."
Segundo ele, no caso de São
Paulo, a redução da pobreza
tem também relação com a
"reestruturação produtiva"
que ocorreu no Brasil nos anos
90, quando o país abriu sua
economia. "Nesse processo,
pólos dinâmicos, como São
Paulo, sofreram mais, mas
também são os mais beneficiados após as transformações."
Para o sociólogo, programas
de transferência de renda, como o Bolsa Família, também
têm influência sobre a queda
da pobreza no país, mas o impacto deles é menor nas regiões mais desenvolvidas.
A análise é corroborada pelo
economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann. Para
ele, o Bolsa Família atinge em
menor grau os grandes centros
por não considerar as diferenças do custo de vida.
Ainda assim, ele não descarta
a influência de programas sociais nas regiões metropolitanas. Estudo dele de 2006 revelou que a redução da pobreza
no país ocorreu de forma mais
acentuada entre as pessoas
inativas, principalmente devido às políticas sociais.
Para Pochmann, porém, esses programas "não criam condições estruturais para a superação da pobreza".
Segundo ele, São Paulo teria
muito mais pobres do que as
regiões onde se concentra a
maior parte dos beneficiários
desses programas caso fosse
considerada uma linha de pobreza "relativa ao padrão de riqueza da região".
(ANGELA PINHO)
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