São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2007

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Aumento do salário mínimo contribuiu, afirmam analistas

DA REDAÇÃO

A redução do número de pobres na região metropolitana de São Paulo entre 2004 e 2005 se deve a "mudanças no mercado de trabalho", dizem especialistas ouvidos pela Folha.
Segundo Cimar Azeredo, gerente da pesquisa mensal de emprego do IBGE, o aumento do salário mínimo e a queda da inflação favoreceram mais quem ganha menos.
Esses fatores também são apontados pelo sociólogo Eduardo Marques, pesquisador do Cebrap (Centro Brasileiro de Análise e Planejamento). Para ele, os dados do estudo indicam uma tendência nacional de redução da pobreza, que vem desde os anos 90.
Essa tendência, segundo ele, é provocada também por mudanças demográficas e pela elevação nos patamares de escolaridade. "É um processo com várias causas, o que indica que é duradouro."
Segundo ele, no caso de São Paulo, a redução da pobreza tem também relação com a "reestruturação produtiva" que ocorreu no Brasil nos anos 90, quando o país abriu sua economia. "Nesse processo, pólos dinâmicos, como São Paulo, sofreram mais, mas também são os mais beneficiados após as transformações."
Para o sociólogo, programas de transferência de renda, como o Bolsa Família, também têm influência sobre a queda da pobreza no país, mas o impacto deles é menor nas regiões mais desenvolvidas.
A análise é corroborada pelo economista e professor da Unicamp Marcio Pochmann. Para ele, o Bolsa Família atinge em menor grau os grandes centros por não considerar as diferenças do custo de vida.
Ainda assim, ele não descarta a influência de programas sociais nas regiões metropolitanas. Estudo dele de 2006 revelou que a redução da pobreza no país ocorreu de forma mais acentuada entre as pessoas inativas, principalmente devido às políticas sociais.
Para Pochmann, porém, esses programas "não criam condições estruturais para a superação da pobreza".
Segundo ele, São Paulo teria muito mais pobres do que as regiões onde se concentra a maior parte dos beneficiários desses programas caso fosse considerada uma linha de pobreza "relativa ao padrão de riqueza da região". (ANGELA PINHO)


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