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Pobreza cai na Grande São Paulo, diz estudo
Análise da economista Sonia Rocha mostra que 901 mil pessoas deixaram a linha da pobreza na região entre 2004 e 2005
Recuperação no mercado de trabalho seria explicação, já que Bolsa Família, principal programa social do governo federal, não atinge região
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem impacto relevante do
Bolsa Família, principal programa social do governo Luiz
Inácio Lula da Silva, a região
metropolitana de São Paulo reduziu a proporção de pobres de
41,6% para 35,5% em um ano.
Entre 2004 e 2005, 901 mil
pessoas passaram a viver com
renda para satisfazer as necessidades básicas, revela estudo
da economista Sonia Rocha,
com base em dados da mais recente Pnad (Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios).
Os números surpreendem
porque contrariam uma tendência de agravamento da pobreza na capital paulista e entorno na última década.
Impulsionado por São Paulo,
o conjunto das regiões metropolitanas do país registrou queda na proporção de pobres. Mas
o percentual de pessoas que viviam abaixo da linha de pobreza em 2005 (34,5%) ainda é
maior do que dez anos antes
(31,2%). Daí ser o combate à pobreza nas metrópoles um dos
principais desafios do segundo
mandato de Lula na área social.
A redução do número de pobres na metrópole paulistana é
atribuída por Sonia Rocha, do
Iets (Instituto de Estudos do
Trabalho e Sociedade), à recuperação do mercado de trabalho, mais "vigorosa" do que no
resto do país, e do rendimento
do trabalho. Em 2005, o número de pessoas ocupadas em São
Paulo aumentou 7,1% (no país
foi 2,8%), e a renda do trabalho
cresceu 13,8% (no país, 6,9%).
Sonia atribui parte do resultado a "vantagens comparativas" da capital paulista. "Num
contexto de calamidade pública decorrente do enorme contingente de jovens muito pouco
qualificados no país, esses jovens são relativamente pouco
numerosos em São Paulo", diz a
economista. A Grande São Paulo tem 12,8% da população de
18 a 25 anos com menos de oito
anos de escolaridade (contra
29,6% no Brasil) e 6,1% já não
freqüentam a escola (contra
24,6% no país).
Oscilações
"Programas de transferência
de renda como o Bolsa Família
não explicam o que aconteceu
em São Paulo", avalia Sonia Rocha. Como têm custo de vida
mais alto, as metrópoles registram efeito "marginal" do Bolsa
Família, que paga entre R$ 15 e
R$ 95 mensais às famílias beneficiárias. Além disso, apesar
de pobres, as famílias da periferia geralmente estão acima da
linha de corte do benefício.
Rocha chama a atenção ainda
para a oscilação a que estão sujeitos os números de pobres
quando eles são observados sob
o ponto de vista da renda. Esses
números variam com o nível de
atividade da economia e seus
reflexos no mercado e dificilmente desenham tendências
entre um ano e outro.
De 2003 a 2004, por exemplo, a região metropolitana de
São Paulo registrou um agravamento da pobreza. A proporção
de pobres passou no período de
41% para 41,6%, e cerca de 214
mil pessoas passaram a viver
abaixo da linha da pobreza.
Surpresa com os números de
São Paulo, Rocha evita especular sobre o que terá acontecido
em 2006 e resiste em falar em
"tendência". A próxima Pnad
só será divulgada pelo IBGE em
setembro de 2007.
"O que aconteceu em 2005
compensou a piora da pobreza
no ano anterior, mas não recuperou a proporção de pobres de
dez anos atrás", afirmou ela.
Peso
Por concentrar 33,4% da população das metrópoles e
10,3% da população do país, o
desempenho da região metropolitana de São Paulo pesa
muito no número total de pobres e indigentes do país.
Entre 2004 e 2005, a proporção de pobres no país caiu de
33,2% para 30,5%. A de indigentes (que não têm renda para
comer), de 8% para 6,8%, no
menor percentual desde o início da série histórica, em 1990.
Rocha usa dados da Pnad e
com 24 linhas de pobreza e indigência para o país. Os valores
têm como base o consumo das
famílias e levam em conta diferenças de custo de vida. Na região metropolitana de São Paulo, foram consideradas pobres
famílias com renda mensal de
até R$ 261,60 por pessoa. Indigentes tiveram renda inferior a
R$ 66,69 por mês.
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