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OPINIÃO
PT, entre o passado e o futuro
MARCO AURÉLIO GARCIA
ESPECIAL PARA FOLHA
ANIVERSÁRIOS sempre
são ocasião para celebração. Sobretudo
quando quem celebra é um partido político que há sete anos
governa o Brasil e é responsável
pela grande transformação
econômica, social e política que
mudou a cara do país e projetou-o no cenário internacional.
Mas celebração não deve impedir reflexão. O PT, no governo, começou a desatar o grande
nó da sociedade brasileira -o
da desigualdade social. Frustrou os que prognosticaram
que o enfrentamento da questão social por Lula se daria às
custas da retomada do crescimento, da estabilidade macroeconômica, da redução da vulnerabilidade externa e da democracia política.
Os êxitos do governo não
aplacaram os críticos. Alguns
clamaram por uma ruptura
mais forte com o status quo,
prodigando lições revolucionárias. Outros culparam o povo
por deixar-se comprar pelas
"migalhas" das políticas sociais
implementadas. Persistiram
no estigma à experiência brasileira, usando paradigmas teóricos ultrapassados.
Há exatamente 15 anos, aqui
nesta mesma Folha, escrevi:
"Para que o PT não seja apenas
um "caco da história" no "amontoado das ruínas" republicanas
a ser resgatado futuramente na
história dos vencidos, é necessário que ele apreenda hoje
com seus erros, (re)pense o
Brasil e assuma não só com
vontade, mas também com lucidez, sua a vocação de poder."
O PT assumiu as responsabilidades que correspondem a
um partido que quer governar
um país com a complexidade
do Brasil. Enfrentou, com seus
aliados, os temas da desigualdade social, da democracia política e de uma política externa
soberana. A despeito de todas
as dificuldades que atravessou,
dos erros que cometeu, tem
credibilidade para apresentar
um Projeto Nacional de Desenvolvimento voltado para o futuro. O partido continua convidando a uma reflexão permanente e, junto com essa nova
agenda para o século XXI,
apresenta um nome que pode
conduzir esse processo nos
próximos anos -a ministra
Dilma Rousseff.
MARCO AURÉLIO GARCIA, 68, é professor licenciado da Unicamp, Assessor Especial de Política Externa do presidente da República e vice-presidente do Partido dos Trabalhadores.
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