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Apenas 463
brasileiros se
regularizam
ENVIADO ESPECIAL A LISBOA
Se a esperança venceu o medo, conforme avaliou o PT ao
ganhar a eleição de 2002, a notícia não chegou aos cerca de 80
mil brasileiros que vivem irregularmente em Portugal: para
eles, esperança significa, em
vez de voltar ao Brasil, regularizar a situação no país europeu,
o que acaba sendo a única -e
leve- sombra para o encontro
de segunda-feira entre o premiê português, José Manuel
Durão Barroso, e o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
Em julho, Lula e Barroso assinaram em Lisboa acordo que
facilitava a legalização dos brasileiros em Portugal e dos portugueses no Brasil. Agora, não
é mais necessário apresentar a
papelada no país de origem. No
caso dos brasileiros, podem fazê-lo nos consulados de Portugal na vizinha Espanha.
Cerca de 31 mil brasileiros
inscreveram-se para obter os
benefícios do acordo, quando o
cálculo inicial era de que não
mais de 10.000 o fariam. Resultado inevitável: extrema morosidade, o que irrita quem está
em situação irregular. Até agora, só 463 imigrantes brasileiros conseguiram a legalização.
"Não se trata de má vontade", diz Gonçalo Mourão, ministro-conselheiro da embaixada do Brasil em Portugal. O
processo é de fato complicado,
porque envolve obter de longe
documentos no Brasil, como
atestado de bons antecedentes.
A busca de documentos indica que a massa de brasileiros
que buscou a esperança em
Portugal prefere ficar. Confirma empiricamente essa predisposição o lançamento recente
de um segundo jornal para a
comunidade brasileira.
O problema dos irregulares
não chega, porém, a turvar um
relacionamento que os dois governos consideram estar em
ótimo ponto. Não há, de fato,
nenhum conflito, mas o momento já foi melhor, ao menos
do ponto de vista empresarial.
Em 1998, os investimentos portugueses no Brasil atingiram o
pico, para começar a declinar
acentuadamente a partir de então, em grande medida porque
era impossível mantê-lo nos
patamares elevados atingidos.
O presidente da AIP (Associação Industrial Portuguesa),
Jorge Rocha de Matos, diz que
"a atitude dos empresários
portugueses, com algumas exceções, continua a ser positiva
em relação ao Brasil". Mas já
surge uma nuvenzinha. "Naturalmente, o fato de a economia
brasileira crescer abaixo das
expectativas torna mais lento o
retorno de alguns investimentos que foram feitos com base
em previsões de crescimento
da economia superiores às que
se estão a verificar."
(CR)
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