|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SOMBRA NO PLANALTO
Maior doador da campanha de 2002 de Magno Malta (PL-ES) é réu em processo envolvendo José Carlos Gratz, ligado ao jogo do bicho
Acusado de desvio fez doação a autor da CPI
TIAGO ORNAGHI
DA AGÊNCIA FOLHA
O autor do pedido para a instalação da CPI dos bingos e líder do
PL no Senado, senador Magno
Malta (ES), teve como maior doador de sua campanha em 2002 o
advogado Beline José Salles Ramos, que responde a processo no
STJ (Superior Tribunal de Justiça)
por participação em atos de improbidade administrativa que podem ter desviado R$ 1,3 bilhão da
União. Ele também é réu em processo com José Carlos Gratz.
Gratz, ex-presidente da Assembléia Legislativa do Espírito Santo, teve envolvimento, como ele
próprio já declarou, com o jogo
do bicho no Estado.
Em um dos sete processos que
correm atualmente contra ele no
STJ, Salles Ramos e Gratz são réus
na Notícia Crime 276-ES (2002/
0048489-0). O relator do processo
é o ministro Félix Fischer, e a ação
corre no STJ em segredo de Justiça. Há a suspeita de que os dois e
outras 24 pessoas tenham enviado dinheiro ilegal para o exterior
em uma operação de 2002.
Salles Ramos, segundo a declaração de campanha de Malta ao
TSE (Tribunal Superior Eleitoral),
doou R$ 243 mil para o candidato
a senador. O valor corresponde a
40,49% dos R$ 600.201,22 declarados por Malta ao TSE.
"Sempre que me foi pedido para
colaborar com a campanha, eu
ajudei", disse o advogado. Ele fez,
no total, cinco doações para a
campanha -duas de R$ 50 mil,
uma de R$ 40 mil, uma de R$ 39
mil e uma de R$ 64 mil.
O senador, porém, diz não conhecer o seu maior doador de
campanha. "Essas doações são
feitas através do comitê de campanha. Não tenho controle sobre
todos que doam dinheiro", disse.
De acordo com Salles Ramos, os
dois freqüentam a mesma igreja, a
Batista Evangélica de Vitória, no
Espírito Santo.
Apólices da dívida pública
Em outras ações, Salles Ramos é
acusado de "mecanizar" com desembargadores a distribuição de
processos no Tribunal Regional
Federal da 2ª Região, no Rio de Janeiro, relativos a pagamentos do
FGTS (Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço).
Os processos, que tiveram origem em denúncia do Ministério
Público Federal, correm em segredo de Justiça no STJ por envolverem a quebra dos sigilos fiscal,
bancário e telefônico dos réus.
O Ministério Público Federal
identificou movimentações de
bens e valores em nome de Salles
Ramos que pareceram "estranhas
e excessivas" para os padrões de
renda do advogado.
Salles Ramos comprava títulos
da dívida pública -alguns deles
datados do tempo do Brasil Império (1822-1889)- por "milésimos
do valor de face", segundo a denúncia do Ministério Público.
Texto Anterior: Apenas 463 brasileiros se regularizam Próximo Texto: Outro lado: Senador diz não saber da doação do advogado Índice
|