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Cidade natal recebia
ajuda de Waldomiro
CHICO SIQUEIRA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GUARAÇAÍ (SP)
Moradores da cidade de Guaraçaí (619 km a noroeste de São
Paulo), de 9.000 habitantes, dizem
não acreditar nas acusações contra seu cidadão mais ilustre, o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz, pivô do escândalo
mais grave envolvendo o governo
de Luiz Inácio Lula da Silva.
Waldomiro é considerado por
seus conterrâneos o principal responsável por benefícios recebidos
pela cidade nos últimos anos -e
em especial em 2003-, como a liberação de dinheiro para um hospital e a realização de um sorteio
de loterias da CEF (Caixa Econômica Federal) no município.
Daí a frustração com a divulgação de fita no mês passado em que
Waldomiro foi flagrado cobrando
propina de um empresário de jogos em 2002, quando presidia a
Loterj, na gestão Benedita da Silva
no Rio. Homem de confiança do
ministro da Casa Civil, José Dirceu, em 2003, ele assumiu o cargo
de subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto.
"É difícil de acreditar, ele foi um
homem muito bom para a cidade", diz Claudemir Pereira Pinto,
marido da prefeita Lindaura Pereira dos Santos Pinto (PSDB) e
chefe-de-gabinete da prefeitura.
"Só temos a perder com essa situação", diz ele, referindo-se às
acusações contra seu colega de infância e adolescência.
Waldomiro viveu em Guaraçaí
-também conhecida como a
maior produtora de abacaxis do
Estado- até 1978, mas, segundo
Pinto, nunca deixou de ajudar o
município, especialmente fazendo contatos com deputados.
Segundo Pinto, no ano passado,
Waldomiro atuou para liberar
verba de R$ 67 mil para a compra
de um equipamento de ultra-sonografia para o hospital. O convênio foi assinado no início deste
ano. Pinto diz que esperava que
Waldomiro pudesse ajudar aprovar outra emenda orçamentária,
de R$ 800 mil, que tramita no
Congresso, para trocar a rede de
água da cidade, que é feita à base
de amianto. "Com as denúncias,
acho que a aprovação ficou mais
difícil", afirma.
Ainda em 2003, Pinto diz que
Waldomiro também conseguiu
fazer com que o Centro de Convivência do Idoso de Guaraçaí obtivesse o CNAS (Certificado Nacional de Assistência Social), que o
credenciou como entidade filantrópica. No final do ano passado,
de acordo com Pinto, Waldomiro
também atuou para que a Receita
Federal doasse para o hospital
aparelhos eletroeletrônicos
apreendidos.
Pinto, que também é presidente
do hospital, não soube dizer o valor dos aparelhos, que estão à venda para arrecadar fundos.
No início de janeiro deste ano, a
imprensa da cidade noticiou que
Waldomiro conseguira liberar
verba de R$ 200 mil para o mesmo
hospital. Segundo Pinto, a verba,
no entanto, não foi repassada.
No ano passado, o caminhão da
CEF fez sorteio de loterias durante os festejos de aniversário da cidade, em 12 de outubro. Na mesma época, Waldomiro obteve patrocínio para a festa do peão.
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