São Paulo, domingo, 07 de março de 2004

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Cidade natal recebia ajuda de Waldomiro

CHICO SIQUEIRA
FREE-LANCE PARA A AGÊNCIA FOLHA, EM GUARAÇAÍ (SP)

Moradores da cidade de Guaraçaí (619 km a noroeste de São Paulo), de 9.000 habitantes, dizem não acreditar nas acusações contra seu cidadão mais ilustre, o ex-assessor da Presidência Waldomiro Diniz, pivô do escândalo mais grave envolvendo o governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Waldomiro é considerado por seus conterrâneos o principal responsável por benefícios recebidos pela cidade nos últimos anos -e em especial em 2003-, como a liberação de dinheiro para um hospital e a realização de um sorteio de loterias da CEF (Caixa Econômica Federal) no município.
Daí a frustração com a divulgação de fita no mês passado em que Waldomiro foi flagrado cobrando propina de um empresário de jogos em 2002, quando presidia a Loterj, na gestão Benedita da Silva no Rio. Homem de confiança do ministro da Casa Civil, José Dirceu, em 2003, ele assumiu o cargo de subchefe de Assuntos Parlamentares do Planalto.
"É difícil de acreditar, ele foi um homem muito bom para a cidade", diz Claudemir Pereira Pinto, marido da prefeita Lindaura Pereira dos Santos Pinto (PSDB) e chefe-de-gabinete da prefeitura. "Só temos a perder com essa situação", diz ele, referindo-se às acusações contra seu colega de infância e adolescência.
Waldomiro viveu em Guaraçaí -também conhecida como a maior produtora de abacaxis do Estado- até 1978, mas, segundo Pinto, nunca deixou de ajudar o município, especialmente fazendo contatos com deputados.
Segundo Pinto, no ano passado, Waldomiro atuou para liberar verba de R$ 67 mil para a compra de um equipamento de ultra-sonografia para o hospital. O convênio foi assinado no início deste ano. Pinto diz que esperava que Waldomiro pudesse ajudar aprovar outra emenda orçamentária, de R$ 800 mil, que tramita no Congresso, para trocar a rede de água da cidade, que é feita à base de amianto. "Com as denúncias, acho que a aprovação ficou mais difícil", afirma.
Ainda em 2003, Pinto diz que Waldomiro também conseguiu fazer com que o Centro de Convivência do Idoso de Guaraçaí obtivesse o CNAS (Certificado Nacional de Assistência Social), que o credenciou como entidade filantrópica. No final do ano passado, de acordo com Pinto, Waldomiro também atuou para que a Receita Federal doasse para o hospital aparelhos eletroeletrônicos apreendidos.
Pinto, que também é presidente do hospital, não soube dizer o valor dos aparelhos, que estão à venda para arrecadar fundos.
No início de janeiro deste ano, a imprensa da cidade noticiou que Waldomiro conseguira liberar verba de R$ 200 mil para o mesmo hospital. Segundo Pinto, a verba, no entanto, não foi repassada.
No ano passado, o caminhão da CEF fez sorteio de loterias durante os festejos de aniversário da cidade, em 12 de outubro. Na mesma época, Waldomiro obteve patrocínio para a festa do peão.


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