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Prefeitura e Prestes firmaram contrato
DO ENVIADO ESPECIAL A JOINVILLE (SC)
Em 1999, a Fundação Cultural
de Joinville, representando a prefeitura, firmou contrato com a Paramount Advisory Service, firma
de Antônio João Ribeiro Prestes,
com sede em Dublin, na Irlanda,
dissolvida em 2001 e "redomiciliada" nas Ilhas Seycheles.
Prestes assinou como procurador da Paramount, representando o Teatro Bolshoi de Moscou.
Apesar de o "caput" (abertura) do
contrato dar a entender que as relações negociais existem entre a
fundação e o balé russo, essas relações foram estabelecidas, na
verdade, entre a prefeitura e a empresa de Prestes. O Teatro Bolshoi
não subscreve o documento.
Não foram juntados ao contrato
os estatutos sociais da Paramount
e do teatro russo nem o documento delegando poderes para Prestes
representá-lo no Brasil.
"Ninguém poderia ser chamado
de leviano se supusesse que a Paramount nada mais é que um véu
ocultando as pessoas físicas de
João Prestes e Joseney Negrão,
um dos pólos do contrato, sendo
o outro a prefeitura de Joinville",
diz o procurador aposentado do
Estado Carlos Alberto Americano, de São Paulo. A pedido da Folha, ele analisou o contrato.
A Paramount -e não o teatro
russo- passou a ter o direito de
receber da fundação (prefeitura)
US$ 120 mil anuais pelo uso da
denominação Bolshoi no Brasil;
US$ 2 mil mensais por professor
russo enviado à escola e US$ 2 mil
mensais pelas atividades como representante do teatro russo. O
procurador da República Davy
Lincoln Rocha suspeita que Prestes adquiriu dos russos o direito
de uso da marca e vendeu por
preço superior à prefeitura.
Já foi enviado a uma conta da
Paramount, em Chipre, R$ 1,951
milhão. Os denunciados estão
com os bens indisponíveis.
Não se sabe o que foi pago ao
Bolshoi russo. Não há cópia do
contrato entre a Paramount e o
teatro de Moscou. Os procuradores suspeitam que os recursos pagos à Paramount não foram integralmente repassados ao Bolshoi
de Moscou. A embaixada da Rússia limitou-se a afirmar, em ofício
ao MPF, que "não dispõe da informação solicitada".
As investigações foram iniciadas pelo promotor de Justiça Assis Marciel Kretzer. Passaram à
esfera federal, tendo à frente o
procurador Davy Lincoln Rocha.
Com a troca de acusações entre
Rocha e Luiz Henrique, o procurador-geral da República, Cláudio
Fonteles, nomeou Celso Antônio
Três para reforçar a ação do MPF.
A Assembléia Legislativa tenta
instalar uma Comissão Parlamentar de Inquérito, batizada de
"CPI da Sapatilha".
(FV)
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