São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Juntos, Alckmin e Kassab dizem querer a prefeitura

Em missa de homenagem a Covas, os dois declaram ter vontade de disputar eleição

Tucano diz confiar em apoio de Serra, pois ele é "homem de partido'; Bornhausen afirma que o atual prefeito "cresce mais a cada semana"

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Apesar do discurso protocolar pela manutenção da aliança, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador Geraldo Alckmin (PSDB), explicitaram ontem o desejo de concorrer à prefeitura em outubro. Separados apenas pelo presidente da Assembléia Legislativa, Vaz de Lima (PSDB), os dois assistiram juntos à missa em homenagem ao governador Mario Covas, morto há sete anos.
À saída, questionados sobre sua vontade, os dois manifestaram disposição de concorrer.
"Tenho muita vontade. De zero a dez, [minha vontade é] dez", respondeu Kassab, após assistir à missa.
Já do lado de fora, tomando café numa lanchonete vizinha ao mosteiro de São Bento, e ao responder se tem vontade de concorrer, Alckmin admitiu: "Estou animado para trabalhar. Gosto muito do povo". Disse também confiar no apoio do governador José Serra à sua candidatura: "Ele [Serra] vai apoiar o candidato do PSDB, seja quem for, eu ou outro. Serra é um homem de partido".
O governador deixou a cerimônia sem dar entrevistas.
Tanto Alckmin como Kassab fizeram questão de atenuar suas declarações com um discurso em defesa da aliança. "Não farei da vontade uma imposição", minimizou Kassab.
"Estou animado. Mas vamos aguardar", disse Alckmin.
Além de pregar a candidatura própria em São Paulo, Alckmin já autorizou a montagem de uma pequena estrutura de pré-candidatura. "Precisamos ter um lugar onde receber as propostas [de voluntários]. A discussão da candidatura já venceu. Agora, é a pré-candidatura", afirmou o deputado federal Silvio Torres.
Kassab, por sua vez, conta com uma estrutura que inclui pesquisas semanais de opinião. Pelos números, diz o ex-presidente nacional do DEM Jorge Bornhausen, "não há espaço [para desistência] de Kassab".
"A cada semana que passa, ele cresce mais", afirmou.
À saída do mosteiro de São Bento -onde dividiram o banco com o governador de São Paulo, José Serra- Alckmin e Kassab deram sinais de que é remota a reedição da aliança PSDB-DEM para as eleições.
O ex-governador disse que haverá um esforço pela manutenção da aliança, mas que, "em política, nem sempre se consegue o que se quer".
"Caso não seja possível [aliança no primeiro turno], aliados no segundo turno. Eu diria que é o caminho natural. É muito bom que isso ocorra", afirmou Alckmin.
Numa demonstração dessa gana, Alckmin caminhou pelo largo São Bento, posando para fotos e ouvindo queixas de moradores da cidade.
Dizendo que o contato com a população só possível na prefeitura é a "realização de todo político", Alckmin insistiu na idéia do quanto é importante para o PSDB ter candidato.
"O PSDB sempre teve candidato próprio", alegou.
Já o prefeito afirma que o DEM vê a busca pela reeleição com "a mesma naturalidade" que o PSDB defende a candidatura própria. "Nosso partido tem colocado a sua posição de ver com naturalidade uma candidatura minha à reeleição", disse Kassab.
Ele refutou a idéia de que a pesquisa de opinião seja o único critério para a escolha de candidatos. "Não faria sentido então fazer eleições."
Por sugestão do presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, os dois deverão se encontrar na semana que vem. A idéia é insistir na negociação até 4 de junho, quando a ministra do Turismo, Marta Suplicy, deverá anunciar se concorre ou não pelo PT.
No dia 23 de janeiro, em um almoço na casa de Lobo, Alckmin e Kassab se comprometeram em conter manifestações de apoio às candidaturas. A trégua durou um mês.


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