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Juntos, Alckmin e Kassab dizem querer a prefeitura
Em missa de homenagem a Covas, os dois declaram ter vontade de disputar eleição
Tucano diz confiar em apoio de Serra, pois ele é "homem de partido'; Bornhausen afirma que o atual prefeito "cresce mais a cada semana"
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Apesar do discurso protocolar pela manutenção da aliança,
o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), e o ex-governador Geraldo Alckmin
(PSDB), explicitaram ontem o
desejo de concorrer à prefeitura em outubro. Separados apenas pelo presidente da Assembléia Legislativa, Vaz de Lima
(PSDB), os dois assistiram juntos à missa em homenagem ao
governador Mario Covas, morto há sete anos.
À saída, questionados sobre
sua vontade, os dois manifestaram disposição de concorrer.
"Tenho muita vontade. De
zero a dez, [minha vontade é]
dez", respondeu Kassab, após
assistir à missa.
Já do lado de fora, tomando
café numa lanchonete vizinha
ao mosteiro de São Bento, e ao
responder se tem vontade de
concorrer, Alckmin admitiu:
"Estou animado para trabalhar.
Gosto muito do povo". Disse
também confiar no apoio do
governador José Serra à sua
candidatura: "Ele [Serra] vai
apoiar o candidato do PSDB,
seja quem for, eu ou outro. Serra é um homem de partido".
O governador deixou a cerimônia sem dar entrevistas.
Tanto Alckmin como Kassab
fizeram questão de atenuar
suas declarações com um discurso em defesa da aliança.
"Não farei da vontade uma imposição", minimizou Kassab.
"Estou animado. Mas vamos
aguardar", disse Alckmin.
Além de pregar a candidatura
própria em São Paulo, Alckmin
já autorizou a montagem de
uma pequena estrutura de pré-candidatura. "Precisamos ter
um lugar onde receber as propostas [de voluntários]. A discussão da candidatura já venceu. Agora, é a pré-candidatura", afirmou o deputado federal
Silvio Torres.
Kassab, por sua vez, conta
com uma estrutura que inclui
pesquisas semanais de opinião.
Pelos números, diz o ex-presidente nacional do DEM Jorge
Bornhausen, "não há espaço
[para desistência] de Kassab".
"A cada semana que passa,
ele cresce mais", afirmou.
À saída do mosteiro de São
Bento -onde dividiram o banco com o governador de São
Paulo, José Serra- Alckmin e
Kassab deram sinais de que é
remota a reedição da aliança
PSDB-DEM para as eleições.
O ex-governador disse que
haverá um esforço pela manutenção da aliança, mas que, "em
política, nem sempre se consegue o que se quer".
"Caso não seja possível
[aliança no primeiro turno],
aliados no segundo turno. Eu
diria que é o caminho natural. É
muito bom que isso ocorra",
afirmou Alckmin.
Numa demonstração dessa
gana, Alckmin caminhou pelo
largo São Bento, posando para
fotos e ouvindo queixas de moradores da cidade.
Dizendo que o contato com a
população só possível na prefeitura é a "realização de todo
político", Alckmin insistiu na
idéia do quanto é importante
para o PSDB ter candidato.
"O PSDB sempre teve candidato próprio", alegou.
Já o prefeito afirma que o
DEM vê a busca pela reeleição
com "a mesma naturalidade"
que o PSDB defende a candidatura própria. "Nosso partido
tem colocado a sua posição de
ver com naturalidade uma candidatura minha à reeleição",
disse Kassab.
Ele refutou a idéia de que a
pesquisa de opinião seja o único critério para a escolha de
candidatos. "Não faria sentido
então fazer eleições."
Por sugestão do presidente
municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, os dois deverão se encontrar na semana que
vem. A idéia é insistir na negociação até 4 de junho, quando a
ministra do Turismo, Marta
Suplicy, deverá anunciar se
concorre ou não pelo PT.
No dia 23 de janeiro, em um
almoço na casa de Lobo, Alckmin e Kassab se comprometeram em conter manifestações
de apoio às candidaturas. A trégua durou um mês.
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