São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Fenaj diz que intenção da Força é "condenável"

DA REPORTAGEM LOCAL

"Condenável" foi a expressão utilizada por Sérgio Murillo de Andrade, presidente da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas), ao comentar as declarações do presidente da Força Sindical, o deputado federal Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de que iria processar a Folha e "O Globo" por conta de uma série de reportagens.
"Está na hora de o Conselho Nacional de Justiça cuidar disso. É um processo de assédio judicial. É visível, e foi admitido pela parte, que estão utilizando artifícios jurídicos para obstruir a imprensa. Isso cria um clima de autocensura, prejudica o leitor. Tem jornalistas que não fazem mais nada a não ser participar de audiências", disse Andrade.
Sobre a frase de Paulinho de que vai "dar trabalho" aos jornais, o diretor de Redação de "O Globo", Rodolfo Fernandes, disse: "Além de dar trabalho ao Globo e à Folha, creio que o nobre dirigente sindical poderia conseguir um para ele também, de preferência que passe longe de verbas públicas".
Fernandes completou: "Sobre a declaração dele de que "se querem fazer putaria, vamos fazer putaria", não me sinto em condições intelectuais de dar uma resposta do mesmo nível".
A ANJ (Associação Nacional de Jornais) disse que, por enquanto, não comentaria o caso.
Advogados e especialistas também foram ouvidos pela Folha. Marcio Kayatt, presidente da Associação dos Advogados de São Paulo, disse que a declaração de Paulinho é grave e que "há uma patente intenção, declarada, de utilizar o Poder Judiciário para uma burla, como instrumento de intimidação da imprensa".
Maria Tereza Sadek, cientista política e pesquisadora sobre o Judiciário, disse que em casos de "uso claramente abusivo e anunciado do Judiciário" deve haver alguma penalidade. "Tem que haver uma atitude mais proativa do Judiciário, pois os tribunais estão entupidos de casos como esse."
Luciana Gross Cunha, autora de um livro sobre juizados especiais, disse que falta mais punições em casos de abuso. "Ao não ter nenhuma resposta para os casos de litigância de má fé, abre-se a possibilidade de alguém que tenha má fé de usar a Justiça de modo irregular."
José Paulo Cavalcanti, ex-ministro interino da Justiça, concluiu: "Começam a banalizar a Lei de Imprensa. É um desastre, um mau momento para a imprensa brasileira".


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