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Fenaj diz que intenção da Força é "condenável"
DA REPORTAGEM LOCAL
"Condenável" foi a expressão
utilizada por Sérgio Murillo de
Andrade, presidente da Fenaj
(Federação Nacional dos Jornalistas), ao comentar as declarações do presidente da Força
Sindical, o deputado federal
Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), de que iria processar a Folha e "O Globo" por conta de
uma série de reportagens.
"Está na hora de o Conselho
Nacional de Justiça cuidar disso. É um processo de assédio
judicial. É visível, e foi admitido pela parte, que estão utilizando artifícios jurídicos para
obstruir a imprensa. Isso cria
um clima de autocensura, prejudica o leitor. Tem jornalistas
que não fazem mais nada a não
ser participar de audiências",
disse Andrade.
Sobre a frase de Paulinho de
que vai "dar trabalho" aos jornais, o diretor de Redação de
"O Globo", Rodolfo Fernandes,
disse: "Além de dar trabalho ao
Globo e à Folha, creio que o
nobre dirigente sindical poderia conseguir um para ele também, de preferência que passe
longe de verbas públicas".
Fernandes completou: "Sobre a declaração dele de que "se
querem fazer putaria, vamos
fazer putaria", não me sinto em
condições intelectuais de dar
uma resposta do mesmo nível".
A ANJ (Associação Nacional
de Jornais) disse que, por enquanto, não comentaria o caso.
Advogados e especialistas
também foram ouvidos pela
Folha. Marcio Kayatt, presidente da Associação dos Advogados de São Paulo, disse que a
declaração de Paulinho é grave
e que "há uma patente intenção, declarada, de utilizar o Poder Judiciário para uma burla,
como instrumento de intimidação da imprensa".
Maria Tereza Sadek, cientista política e pesquisadora sobre
o Judiciário, disse que em casos
de "uso claramente abusivo e
anunciado do Judiciário" deve
haver alguma penalidade.
"Tem que haver uma atitude
mais proativa do Judiciário,
pois os tribunais estão entupidos de casos como esse."
Luciana Gross Cunha, autora
de um livro sobre juizados especiais, disse que falta mais punições em casos de abuso. "Ao
não ter nenhuma resposta para
os casos de litigância de má fé,
abre-se a possibilidade de alguém que tenha má fé de usar a
Justiça de modo irregular."
José Paulo Cavalcanti, ex-ministro interino da Justiça,
concluiu: "Começam a banalizar a Lei de Imprensa. É um desastre, um mau momento para
a imprensa brasileira".
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