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Dilma vai a evento de obra do PAC que tem valor superestimado
Segundo relatório da CGU, projeto básico da rodovia de acesso ao porto de Salvador tem problema de sobrepreço de R$ 21 milhões
Ao lado de Jaques Wagner (PT), ministra participou
da assinatura da ordem
de serviço da obra, feita
em parceria com o Estado
SHEILA D'AMORIM
LUCAS FERRAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Empenhada em viajar pelo
país e divulgar o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a ministra Dilma
Rousseff (Casa Civil) participou ontem da assinatura da ordem de serviço de uma obra cujo projeto básico, segundo auditoria realizada pelo próprio
governo federal, está superestimado em R$ 21 milhões.
A Via Expressa Baía de Todos
os Santos, rodovia de acesso ao
porto de Salvador, tem problemas de sobrepreço nos serviços
de terraplenagem (R$ 10,426
milhões), pavimentação (R$
349,047 mil), construção de
viadutos (R$ 10,017 milhões) e
drenagem (R$ 402,335 mil), segundo relatório de fiscalização
da CGU (Controladoria Geral
da União), obtido pela Folha.
A obra está sendo feita em
parceira da União, por meio do
Dnit (Departamento Nacional
de Infraestrutura de Transportes), com o governo estadual.
Para marcar o início efetivo
da construção -que será executada pela construtora OAS,
vencedora da licitação-, o governo da Bahia organizou um
ato que contou com a presença
dos ministros Alfredo Nascimento (Transportes), Geddel
Vieira Lima (Integração), além
das de Dilma e do governador
Jaques Wagner (PT).
O documento da CGU, com
68 páginas e elaborado no final
de dezembro, aponta ainda
problemas em outros oito convênios do governo com a Bahia.
Os fiscais constataram: "Orçamento da obra superestimado em R$ 21.195.040,67 em razão de diferenças nos quantitativos dos serviços". Entre os
exemplos destacados na parte
sobre pavimentação estão: 1)
"foram considerados 637 metros lineares de pavimentação
que não são objeto da licitação"; 2) "a Conder utilizou larguras acima das definidas em
projeto".
Sobre a construção de viadutos, os fiscais apontaram alterações "nas memórias de cálculo das vigas pré-moldadas", o
que, dizem, têm consequência
no valor orçado.
O projeto tem um custo de
R$ 381,1 milhões, incluindo R$
273 milhões para obras civis,
desapropriações e construção
de passarelas. No Orçamento
deste ano, há previsão de desembolso de R$ 68 milhões. A
maior parte sairá da conta do
governo (R$ 339,378 milhões),
outros R$ 41,760 milhões são a
contrapartida do Estado.
Ameaça
Ovacionada na noite de ontem, durante um seminário em
comemoração ao Dia da Mulher, Dilma reagiu às críticas
anunciando que vai continuar
viajando para fiscalizar o PAC.
"Agora dizem que eu viajo
muito, mas não diziam em
2007 e 2008. Agora inventaram
que eu viajo muito. Eu inclusive
viajei mais naquela época do
que viajo hoje", afirmou.
O presidente Lula disse ontem, em Vitória (ES), que "ninguém ameaça o PAC". Ele comentava a vitória de Fernando
Collor de Mello (PTB-AL) para
presidir a Comissão de Infraestrutura do Senado, responsável
por acompanhar obras do programa. "O que ameaça o PAC é
o governo não conseguir gerenciá-lo. O Collor é senador e tem
todo o direito de disputar comissões", afirmou.
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