São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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Previ teria sido procurada para fazer acusações que prejudicassem Serra

ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO

O diretor de seguridade da Previ (fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil), Henrique Pizzolato, disse ontem que foi procurado por um empresário que, dizendo representar o PFL, o estimulou a denunciar corrupção nas privatizações para prejudicar a pré-candidatura de José Serra à Presidência da República.
Pizzolato -que é ligado ao PT e foi eleito diretor da Previ pelos empregados do banco- disse que o empresário chegou a sugerir um encontro dele com o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, dizendo que o partido o apoiaria nas acusações.
Teria prometido, também, interceder no Ministério da Fazenda para que fossem abrandadas as exigências da SPC (Secretaria de Previdência Complementar) em relação à Previ. A fundação está sob ameaça de sofrer intervenção da SPC se, até o fim deste mês, não adaptar seu estatuto às novas regras da Previdência. Entre elas, está a de que os diretores eleitos não podem ter maioria de votos nos conselhos deliberativo e fiscal, como ocorre na Previ.
O diretor recusou-se a divulgar o nome e o ramo de atividade do empresário. Disse apenas que atua nos Estados do Paraná, Santa Catarina e Rio e que é pessoa influente em seu meio.
Pizzolato disse que o empresário lhe mostrou cópia do extrato de uma conta na agência do Banco do Brasil em Americana (interior de São Paulo), com registro de movimentação de R$ 238 milhões no ano passado. Segundo ele, o empresário disse que o dinheiro seria produto de propinas pagas nas privatizações. Ele disse que o nome do titular havia sido suprimido do extrato.
Pizzolato disse que relatou o encontro a outros diretores da Previ e ao ex-presidente do BB e do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Andréa Calabi, nomeado conselheiro do Banco do Brasil.
No início de abril, Pizzolato entregou ao procurador da República Luiz Francisco Souza um dossiê com acusações de supostas irregularidades e de manipulação dos fundos de pensão na privatização da Telebrás. Ele acredita que o empresário tenha decidido procurá-lo por causa do dossiê.
O dirigente disse que um dos argumentos do empresário para convencê-lo foi que as denúncias favoreceriam uma vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no primeiro turno.

Reação
Bornhausen disse que não autorizou nenhum empresário a procurar o diretor da Previ em seu nome. "Não tenho intermediário nem porta-voz. Estão usando o meu nome indevidamente."
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o dirigente deve denunciar quem lhe fez a proposta. "Espero que o faça."
Andréa Calabi disse que não se lembrava de ter conversado com Pizzolato sobre a suposta proposta do empresário. "Minha lembrança a respeito disso é zero."



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