|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Previ teria sido procurada para fazer
acusações que prejudicassem Serra
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor de seguridade da Previ
(fundo de pensão dos empregados do Banco do Brasil), Henrique Pizzolato, disse ontem que foi
procurado por um empresário
que, dizendo representar o PFL, o
estimulou a denunciar corrupção
nas privatizações para prejudicar
a pré-candidatura de José Serra à
Presidência da República.
Pizzolato -que é ligado ao PT e
foi eleito diretor da Previ pelos
empregados do banco- disse
que o empresário chegou a sugerir um encontro dele com o presidente nacional do PFL, Jorge Bornhausen, dizendo que o partido o
apoiaria nas acusações.
Teria prometido, também, interceder no Ministério da Fazenda para que fossem abrandadas as
exigências da SPC (Secretaria de
Previdência Complementar) em
relação à Previ. A fundação está
sob ameaça de sofrer intervenção
da SPC se, até o fim deste mês, não
adaptar seu estatuto às novas regras da Previdência. Entre elas, está a de que os diretores eleitos não
podem ter maioria de votos nos
conselhos deliberativo e fiscal, como ocorre na Previ.
O diretor recusou-se a divulgar
o nome e o ramo de atividade do
empresário. Disse apenas que
atua nos Estados do Paraná, Santa
Catarina e Rio e que é pessoa influente em seu meio.
Pizzolato disse que o empresário lhe mostrou cópia do extrato
de uma conta na agência do Banco do Brasil em Americana (interior de São Paulo), com registro
de movimentação de R$ 238 milhões no ano passado. Segundo
ele, o empresário disse que o dinheiro seria produto de propinas
pagas nas privatizações. Ele disse
que o nome do titular havia sido
suprimido do extrato.
Pizzolato disse que relatou o encontro a outros diretores da Previ
e ao ex-presidente do BB e do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Andréa Calabi, nomeado
conselheiro do Banco do Brasil.
No início de abril, Pizzolato entregou ao procurador da República Luiz Francisco Souza um dossiê com acusações de supostas irregularidades e de manipulação
dos fundos de pensão na privatização da Telebrás. Ele acredita
que o empresário tenha decidido
procurá-lo por causa do dossiê.
O dirigente disse que um dos argumentos do empresário para
convencê-lo foi que as denúncias
favoreceriam uma vitória do petista Luiz Inácio Lula da Silva no
primeiro turno.
Reação
Bornhausen disse que não autorizou nenhum empresário a procurar o diretor da Previ em seu
nome. "Não tenho intermediário
nem porta-voz. Estão usando o
meu nome indevidamente."
O ministro Pedro Malan (Fazenda) disse que o dirigente deve
denunciar quem lhe fez a proposta. "Espero que o faça."
Andréa Calabi disse que não se
lembrava de ter conversado com
Pizzolato sobre a suposta proposta do empresário. "Minha lembrança a respeito disso é zero."
Texto Anterior: Economista diz que vai "proteger" FHC e Serra Próximo Texto: Proer: Justiça manda tucano ressarcir União Índice
|