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PROER
Serra, Malan e Parente devem pagar R$ 200 mi por liberar verba a correntistas
Justiça manda tucano ressarcir União
MÔNICA BERGAMO
COLUNISTA DA FOLHA
O pré-candidato tucano à Presidência, José Serra, o ministro da
Fazenda, Pedro Malan, e o ministro-chefe da Casa Civil, Pedro Parente, foram condenados pela
Justiça a ressarcir aos cofres públicos R$ 200 milhões por terem
autorizado o pagamento, com recursos públicos, aos correntistas
que tinham dinheiro em bancos
que sofreram intervenção em
1995. A operação foi ligada ao
Proer, o programa de reestruturação do sistema financeiro.
Além de Serra e Malan, foram
condenados também os ex-presidentes do Banco Central Gustavo
Loyola, Gustavo Franco e Francisco Lopes, e outros três ex-diretores do BC.
A sentença do juiz José Pires da
Cunha, da 20ª Vara Federal de
Brasília, foi dada em 11 de abril.
Os réus ainda não foram citados,
mas seus advogados devem recorrer ao TRF (Tribunal Regional
Federal), instância superior da
Justiça. O BC, que participa da defesa, também vai recorrer.
Os réus foram condenados por
terem autorizado, como membros do Conselho Monetário Nacional, o financiamento do pagamento de até R$ 5.000,00 aos correntistas das instituições que sofreram intervenção em 95 -os
bancos Econômico S.A, Mercantil
S.A. e Comercial de São Paulo S.A.
Para o Ministério Público Federal, que propôs a ação, o ato foi
ilegal por "vedação constitucional
para aporte de recursos oriundos
de reserva monetária (...) sem
prévia autorização do Conselho
Monetário do Senado Federal" e
"realização de operação de crédito com recursos públicos".
A defesa de parte dos réus está
sendo feita por escritórios particulares de advocacia. Os advogados estão pedindo ao juiz que o
processo passe a correr em sigilo
de Justiça por envolver um candidato à Presidência, José Serra.
"O importante no processo é
que ficou provado que os acusados não tiveram comportamento
imoral, tirando proveito próprio
do fato. Eles agiram no interesse
público", diz Marco Antonio Meneghetti, advogado de José Serra.
"O que existe é uma discussão
doutrinária: o governo deveria ou
não garantir as contas dos poupadores até determinado valor?".
"O próprio Supremo Tribunal
Federal já decidiu que o Proer foi
constitucional, uma reação necessária diante da ameaça de uma
crise sistêmica", diz o advogado
Arnold Wald, que defende Malan.
Wald diz que o valor financiado
foi devolvido ao BC antes ainda
do início da ação de improbidade.
O processo, de número
96.00.0179-0, foi citado pelo ex-presidente José Sarney no discurso no Senado em que defendeu a
filha, Roseana Sarney. O ex-presidente citou o processo para dizer
que Serra também era acusado de
irregularidades.
A ação foi proposta por José Roberto Santoro, subprocurador-geral da República que hoje é acusado de ser amigo e atuar, em alguns processos, em sintonia com
Serra, para atingir os adversários
políticos do senador.
O juiz Pires da Cunha determinou ainda que os réus paguem as
custas do processo em 5% do valor da causa, de R$200 milhões.
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