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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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NO AR

Milhões

NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Gilberto Gil ganhou o que queria. Dinheiro.
Como indicou na Globo um dos cineastas lobistas, a revolta dos produtores cariocas foi com a concentração de dinheiro nas mãos de Luiz Gushiken. Dele, Zelito Viana:
- São R$ 600 milhões. A secretaria (de Gushiken) fechou isso tudo em suas mãos.
Não mais. No dizer de Gil, "agora as políticas culturais voltam a ser conduzidas pelo Ministério da Cultura".
O produtor Luiz Carlos Barreto e seus porta-vozes também ganharam o que queriam. Dinheiro.
Gushiken anunciou que vai ordenar às estatais que "agilizem os projetos com contratos já firmados", em outras palavras, que retomem a liberação de dinheiro.
E assim o que a Globo vem chamando de "classe artística" saiu em paz com Lula, bradando "viva a cultura".
Só restou a interrogação sobre o que ganha a Globo. Desde o fim de semana, os artistas ouvidos nos telejornais da emissora se resumiram a três ou quatro, incluindo os citados.
E foram telejornais sobre telejornais, começando pelo Jornal Nacional, dando voz a um lobby avassalador.
O lobby venceu, de novo.
 
A piada do "dirigismo cultural" ficou ainda mais evidente com uma aberrante declaração de Zelito Viana:
- Que uma empresa privada, que me dá dinheiro para um filme, faça merchandising, vá lá. Agora, o governo querer?
É a diretriz cultural que imperou na última década e meia, transferindo aos gerentes de marketing -com dinheiro público- a decisão sobre a produção artística.
Lula foi eleito com a promessa de acabar com isso. Mas aí escolheu Gil para ministro.
 
Já que se fala tanto em dinheiro, vale lembrar: é hoje, em Brasília, o julgamento das contas de Norma Benguell.
 
Enquanto isso, o traficante Fernandinho Beira-Mar não é problema do governador do Rio, Anthony Garotinho. Nem do governo Lula.
Quem enfrenta o desgaste de chamar entrevista coletiva e se explicar, em todos os telejornais, é o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin.
 
José Sarney ouviu o que não queria de Pedro Simon, num bate-boca na TV Senado, mas salvou ACM.
Só para recordar: com FHC não foi assim. O arquivamento se deu agora, sob os olhos do governo que mudaria tudo.


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