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BAHIAGATE
Plenário rejeita, em votação secreta, a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra pefelista
Por 49 a 25, Senado livra ACM de cassação
RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Numa sessão tensa e com votação secreta, o plenário do Senado
rejeitou ontem, por 49 votos a favor, 25 contra e 2 abstenções, a
abertura de processo por quebra
de decoro contra o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
livrando-o da ameaça de cassação
pelo suposto envolvimento nos
grampos telefônicos realizados
por funcionários da Secretaria de
Segurança Pública da Bahia.
O que o plenário aprovou foi a
decisão da Mesa Diretora, tomada
no dia 30, de recusar o pedido de
abertura de processo por quebra
de decoro contra ACM, aprovado
na véspera pelo Conselho de Ética
e Decoro Parlamentar. Naquela
reunião, a Mesa decidiu, por proposta do presidente do Senado,
José Sarney (PMDB-AP), encaminhar notícia-crime ao STF para
que ele apure as acusações, já que
elas se referem a crime comum.
Agora, o episódio da escuta
clandestina só provocará uma
eventual perda de mandato de
ACM se ele for condenado pelo
STF (Supremo Tribunal Federal)
em processo criminal, em sentença judicial transitada em julgado.
Nesse caso, a cassação é prevista
na Constituição (artigo 55).
ACM assistiu a toda a sessão no
plenário cercado por seus aliados.
Depois, declarou: "Foi uma questão de justiça". Além do PFL, que
tem 18 senadores, a vitória no plenário do Senado dependeu do
apoio de boa parte do PSDB e do
PMDB. Apenas os senadores de
partidos governistas e peemedebistas integrantes do Conselho de
Ética criticaram a decisão. O protesto mais veemente partiu do senador Pedro Simon (PMDB-RS).
"É um retrocesso imenso na vida e na história do Senado. É um
recuo que estamos dando. Estamos colocando uma pedra no
Conselho de Ética (...). A situação
é muito simples: ninguém quer
condenar ninguém", disse, criticando sobretudo a atitude do senador José Sarney, que articulou a
operação para salvar ACM.
"O senador Antonio Carlos é
contumaz na utilização do aparelho de Estado para fins pessoais.
Quando a gente permite que alguém continue utilizando o aparato estatal como uma caixinha de
objetos pessoais, estamos menosprezando os mais fracos", disse
Heloísa Helena (PT-AL).
O resultado favorável a ACM
começou a se delinear quando o
plenário aprovou, por 47 votos a
24, uma proposta do PFL para
que o recurso de Viana fosse apreciado em votação secreta. Era
uma forma de não expor os senadores que votariam contra a abertura do processo de cassação.
Após a votação, o senador Geraldo Mesquita Júnior (PSB-AC),
relator da denúncia, anunciou
que deixaria o Conselho de Ética,
por considerar que o órgão perdera a finalidade: "Não vejo mais razão para ali permanecer, temeroso de que futuras decisões daquele conselho resultarão em pó de areia, em absolutamente nada".
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