São Paulo, sábado, 07 de maio de 2005

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RUMO A 2006

Alguns Estados não aceitam união com peemedebistas, o que pode gerar problema para o PT na aliança para presidente

Lula negocia com PMDB fim da verticalização

KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Ao negociar anteontem com a ala governista do PMDB o fim da verticalização, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que "a gente ganha eleição independentemente de uma aliança ser imposta por lei", de acordo com relato do presidente do PT, José Genoino.
Genoino, que participou da reunião, confirmou que Lula, ao contrário do que vinha defendendo o PT, concordou com a reivindicação dos peemedebistas para acabar com a verticalização, regra eleitoral que passou a valer a partir das eleições de 2002 e que induz os partidos nos Estados a repetir a aliança do pleito nacional. Sem a oposição do PT, é provável a derrubada da regra.
A Folha apurou que Lula aceitou fazer o acordo devido a uma avaliação pragmática: com a verticalização, impediria de qualquer modo a aliança oficial com o PMDB porque o partido está rachado entre governistas e oposicionistas.
Sem verticalização, mesmo que o PMDB resolva lançar candidato próprio, como o ex-governador do Rio Anthony Garotinho, o PT conseguiria fazer alianças com o PMDB em alguns Estados e levaria esses peemedebistas a apoiar Lula. Ou seja, pega pelo menos boa parcela do partido.
Se Lula não terá o tempo de TV nacional do PMDB, poderá contar com o tempo da sigla em alguns Estados.
Em 2006, além da sucessão presidencial, haverá eleições para os governos dos 26 Estados e do Distrito Federal, um terço das 81 vagas do Senado e deputado federais e estaduais.

Desobstrução
Genoino disse ainda que o PT concorda em desobstruir a pauta da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados na semana que vem e colocar em votação o fim da verticalização.
Na próxima terça-feira, a CCJ deverá aprovar a admissibilidade, com o voto do PT, da proposta de emenda constitucional que derruba a verticalização.
Genoino afirmou, porém, que o PT "lutará para que sejam votados pontos da reforma política". Quer aprovar, já para a eleição do ano que vem, a fidelidade partidária e regras para que o aumento de bancadas no meio do mandato parlamentar não tenha impacto sobre a composição de comissões no Congresso.
Para 2008, ficariam o voto em listas partidárias e o financiamento público de campanha.

Palanques estaduais
Na reunião com Lula, o presidente ouviu dos peemedebistas que a verticalização impediria o início das discussões sobre alianças estaduais. Em alguns Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Roraima e no Distrito Federal, PT e PMDB são inimigos e não há chance de acordo.
Da parte dos petistas, Genoino disse: "O PT não discutirá alianças que enfraqueçam o partido ou o governo Lula".
Além de Lula e Genoino, participaram da reunião no Planalto os ministros José Dirceu (Casa Civil) e Aldo Rebelo (Coordenação Política), além do líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Do lado peemedebista, estiveram os ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Romero Jucá (Previdência), o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), e o líder do partido no Senado, Ney Suassuna (PB).
"A derrubada da verticalização não garante o casamento, mas o namoro", afirmou Suassuna.
"Vamos insistir em um acordo para que, após essa votação, o próximo item seja a aprovação da reforma política na CCJ", disse o líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).
Rocha defendeu ainda a reorganização da base de apoio do governo no Congresso após a derrota do candidato de Lula para o Conselho Nacional de Justiça, anteontem.
"Se o presidente não identificar quais são as demandas dos partidos, vai ficar difícil aprovar outras matérias", disse.


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