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RUMO A 2006
Alguns Estados não aceitam união com peemedebistas, o que pode gerar problema para o PT na aliança para presidente
Lula negocia com PMDB fim da verticalização
KENNEDY ALENCAR
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao negociar anteontem com a
ala governista do PMDB o fim da
verticalização, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva afirmou que
"a gente ganha eleição independentemente de uma aliança ser
imposta por lei", de acordo com
relato do presidente do PT, José
Genoino.
Genoino, que participou da reunião, confirmou que Lula, ao contrário do que vinha defendendo o
PT, concordou com a reivindicação dos peemedebistas para acabar com a verticalização, regra
eleitoral que passou a valer a partir das eleições de 2002 e que induz os partidos nos Estados a repetir a aliança do pleito nacional.
Sem a oposição do PT, é provável
a derrubada da regra.
A Folha apurou que Lula aceitou fazer o acordo devido a uma
avaliação pragmática: com a verticalização, impediria de qualquer
modo a aliança oficial com o
PMDB porque o partido está rachado entre governistas e oposicionistas.
Sem verticalização, mesmo que
o PMDB resolva lançar candidato
próprio, como o ex-governador
do Rio Anthony Garotinho, o PT
conseguiria fazer alianças com o
PMDB em alguns Estados e levaria esses peemedebistas a apoiar
Lula. Ou seja, pega pelo menos
boa parcela do partido.
Se Lula não terá o tempo de TV
nacional do PMDB, poderá contar com o tempo da sigla em alguns Estados.
Em 2006, além da sucessão presidencial, haverá eleições para os
governos dos 26 Estados e do Distrito Federal, um terço das 81 vagas do Senado e deputado federais e estaduais.
Desobstrução
Genoino disse ainda que o PT
concorda em desobstruir a pauta
da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados na semana que vem e colocar em votação o fim da verticalização.
Na próxima terça-feira, a CCJ
deverá aprovar a admissibilidade,
com o voto do PT, da proposta de
emenda constitucional que derruba a verticalização.
Genoino afirmou, porém, que o
PT "lutará para que sejam votados pontos da reforma política".
Quer aprovar, já para a eleição do
ano que vem, a fidelidade partidária e regras para que o aumento de
bancadas no meio do mandato
parlamentar não tenha impacto
sobre a composição de comissões
no Congresso.
Para 2008, ficariam o voto em
listas partidárias e o financiamento público de campanha.
Palanques estaduais
Na reunião com Lula, o presidente ouviu dos peemedebistas
que a verticalização impediria o
início das discussões sobre alianças estaduais. Em alguns Estados,
como Rio Grande do Sul, Rio de
Janeiro, Roraima e no Distrito Federal, PT e PMDB são inimigos e
não há chance de acordo.
Da parte dos petistas, Genoino
disse: "O PT não discutirá alianças que enfraqueçam o partido ou
o governo Lula".
Além de Lula e Genoino, participaram da reunião no Planalto os
ministros José Dirceu (Casa Civil)
e Aldo Rebelo (Coordenação Política), além do líder do governo no
Senado, Aloizio Mercadante (PT-SP). Do lado peemedebista, estiveram os ministros Eunício Oliveira (Comunicações) e Romero
Jucá (Previdência), o presidente
do Senado, Renan Calheiros (AL),
e o líder do partido no Senado,
Ney Suassuna (PB).
"A derrubada da verticalização
não garante o casamento, mas o
namoro", afirmou Suassuna.
"Vamos insistir em um acordo
para que, após essa votação, o
próximo item seja a aprovação da
reforma política na CCJ", disse o
líder do PT na Câmara, Paulo Rocha (PA).
Rocha defendeu ainda a reorganização da base de apoio do governo no Congresso após a derrota do candidato de Lula para o
Conselho Nacional de Justiça, anteontem.
"Se o presidente não identificar
quais são as demandas dos partidos, vai ficar difícil aprovar outras
matérias", disse.
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