São Paulo, domingo, 07 de julho de 2002

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Proporção dos que acham que a inflação vai subir cresce de 58% para 65%; 63% acham que o desemprego aumentará

Crise traz pessimismo de volta aos eleitores

GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O pessimismo em relação ao futuro da economia brasileira -explícito e crescente no mercado financeiro há dois meses- chegou à população.
Foi interrompida uma trajetória de melhora das expectativas entre os eleitores iniciada em setembro do ano passado e mantida até junho último, quando chamava a atenção que o aumento da confiança na economia ainda resistisse aos efeitos já visíveis da alta do dólar e do risco-país. A mudança de humores, porém, fica clara na mais recente pesquisa Datafolha, concluída anteontem.
Cresceu a proporção dos que acham que a inflação vai subir (de 58% para 65%), que o desemprego aumentará (de 56% para 63%), que o poder de compra será reduzido (de 33% para 39%) e que a situação econômica do país vai piorar (de 28% para 33%).
Todos esses sinais indicadores de pessimismo ainda permanecem abaixo dos patamares observados entre junho e setembro de 2001, quando estavam no auge os temores de que a crise político-econômica da Argentina arrastasse consigo o Brasil.
Naquele período, a expectativa de alta do desemprego e da inflação, para usar os dois exemplos mais evidentes, chegava a 72% dos eleitores.
Foram os números mais negativos da avaliação sobre a economia no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, superando inclusive os meses que se seguiram à desvalorização do real, em janeiro de 99.
Depois, ocorreu o fenômeno batizado de "descolamento" entre Argentina e Brasil: o país vizinho mergulhou sozinho numa sequência de desastres que incluiu queda de presidentes, moratória da dívida, disparada do dólar e volta da inflação.
Já a economia brasileira obteve uma trégua do mercado, apoiada pelo FMI e ajudada pela melhora da balança comercial. A diminuição das tensões coincidiu com o aumento do otimismo entre os eleitores até o mês passado.

Plano Real e FHC
Mesmo com a recente inversão dessa tendência, a avaliação do Plano Real não sofreu abalos, com variações inferiores à margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.
A proporção dos que consideram o plano ótimo ou bom oscilou de 46% para 45%, mantendo os níveis mais altos do segundo mandato de FHC -após a desvalorização do real, em 99, esse percentual chegou a seu ponto mais baixo, 34%.
Os que responderam ruim/péssimo foram de 36% para 35%, e os que avaliaram o Real como regular, de 17% para 18%. Da mesma forma, segue inalterada a popularidade do presidente, que obtém 40% de regular, 31% de ótimo/ bom e 26% de ruim/péssimo, números praticamente idênticos aos da pesquisa anterior.
A nota média atribuída a FHC, embora sem elevações que cheguem a entusiasmar, é a mais alta do segundo mandato: 5,6, abaixo do pico de 6,5 obtido no primeiro e do 7 que recebeu recentemente de seu candidato, José Serra.
A área em que o governo tem melhor desempenho, para os eleitores, continua sendo a educação (15%), seguida pela saúde (11%), na qual Serra ocupou o ministério. A economia fica em terceiro, com 6%, e o controle da inflação tem 3%.



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