FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

Em seu primeiro ato oficial de campanha, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) previu ontem que a corrida sucessória será "bruta", marcada por acusações.
"Esta campanha tende a ser bruta, uma campanha em que o jogo sujo estará presente 24 horas por dia", disse o presidenciável, em discurso para cerca de mil militantes em frente ao Teatro Municipal, após participar de caminhada pelo centro de São Paulo.
O partido de Lula acaba de ser colocado no centro de uma denúncia de corrupção, formulada pelo Ministério Público. Pessoas ligadas à prefeitura petista de Santo André estão sendo acusadas de ter cobrado propina de empresários de transportes. Como estratégia de defesa, os petistas têm apontado o "caráter político" das acusações.
Segundo Lula, o partido não vai se render ao "jogo rasteiro". "Para cada atitude baixa que os nossos adversários fizerem contra nós, vamos levantar a cabeça e elevar o nível da campanha. Podem atacar o PT. Não aceitaremos o jogo rasteiro", disse.
No discurso de cerca de 20 minutos, o petista procurou empolgar a militância e incentivá-la a ir para a rua. "A campanha vai ser muito curta. Teremos apenas 90 dias. Não podemos descansar."
Para ele, o partido não pode apenas confiar no trabalho do "companheiro" Duda Mendonça [marqueteiro da campanha". "Não vamos esperar a televisão fazer propaganda. A campanha vai ser feita nas ruas", disse.
Bem-humorado, Lula caminhou pelas ruas acenando muito e cumprimentando as poucas pessoas que caminhavam pelo centro no sábado de manhã. Ao passar por um boneco colocado em frente a uma loja, brincou: "Deixa eu cumprimentar o companheiro aqui".
O petista afirmou estar entusiasmado pelo fato de, mesmo com as acusações pesando contra o partido, não ter caído significativamente nas pesquisas.
"Há dois meses estão tentando encontrar uma pesquisa para fazer a manchete "Lula caiu". Mas a candidatura do Lula não vai cair. Vai começar a subir", declarou.
Ele afirmou ser difícil, mas não impossível vencer no primeiro turno. "A única coisa impossível no mundo é Deus pecar", disse.
O petista prometeu ainda fazer uma campanha "simbolizando a produção", em contraste com a do governo, que simbolizaria "a especulação". Disse que faria a reforma agrária sem que seja necessário haver "nenhuma ocupação de terra, nenhuma violência".

Crime organizado
Também presente à abertura oficial da campanha, o candidato do PT ao governo paulista, José Genoino, prometeu acabar com o crime organizado no Estado em seu eventual mandato. "É um compromisso que eu assumo. Não vai ter Estado paralelo, pedágio nas ruas, toque de recolher."
As propostas de Genoino para São Paulo serão detalhadas em programa de governo a ser lançado até o final deste mês.



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