São Paulo, quinta-feira, 07 de julho de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

ESCÂNDALO DO "MENSALÃO" /BASE PARTIDA

Lula oficializou ontem a nomeação de três ministros do PMDB; novas mudanças no primeiro escalão devem ser anunciadas amanhã

Wagner deve virar coordenador político

EDUARDO SCOLESE
KENNEDY ALENCAR
A SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que oficializou a nomeação de três novos ministros da cota do PMDB, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva convidou de última hora o ministro Jaques Wagner (Conselhão) a viajar com ele para a Escócia. A intenção era oficializar ontem no avião o convite para Wagner ser coordenador político.
Petista, Wagner deve incorporar atribuições da pasta de Aldo Rebelo (Coordenação Política), que será extinta. Há possibilidade de que assuma a Secretaria Geral da Presidência, hoje chefiada pelo correligionário Luiz Dulci.
É que Lula, apesar de poupar o presidente do PT, José Genoino, em seus desabafos irados contra petistas envolvidos na crise política, deseja que o atual secretário-geral assuma o comando do PT. Essa operação, porém, é complicada. Se vingar, Wagner levaria o Conselhão e as funções de Aldo para a Secretaria Geral, fundindo três pastas em uma, o que enxugaria o ministério, como deseja Lula. Wagner deve ser anunciado amanhã na nova função.
O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, ainda busca uma "surpresa" para o ministério. Seria um nome de peso da sociedade -de preferência, um empresário. No entanto está difícil achar alguém disposto a entrar no governo numa hora de crise. Palocci deseja alguém assim para a Previdência ou outra pasta importante. Se falhar, a intenção de Lula é nomear um técnico para a Previdência.

Severino
Lula estuda dar uma pasta ao PP. O presidente da Câmara, Severino Cavalcanti (PE), quer contemplar o deputado Ciro Nogueira (PI). Uma vaga aventada é a de Esportes, no caso de Aldo ir para o Trabalho no lugar de Ricardo Berzoini (PT).
Para aumentar sua proteção política no Congresso em meio à pior crise de seu governo, Lula oficializou os três nomes do PMDB para o primeiro escalão: o deputado federal mineiro Saraiva Felipe (Saúde), o presidente da Eletrobras, Silas Rondeau (Minas e Energia), e o senador mineiro Hélio Costa (Comunicações).
Com isso, o petista Humberto Costa (PE) e o peemedebista Eunício Oliveira (CE) deixam a Saúde e as Comunicações, respectivamente. Eles serão candidatos em seus Estados em 2006. O presidente, seguindo a legislação eleitoral, seria obrigado a trocá-los até 30 de abril do ano que vem, prazo limite para a saída de cargos executivos de quem deseja disputar eleição em 2006.
Na pasta de Minas e Energia, Rondeau (nome ligado ao clã Sarney) assume na vaga de Maurício Tolmasquin, interino devido ao remanejamento de Dilma Rousseff à chefia da Casa Civil.

Reunião do G8
Ontem, logo após o anúncio, Lula embarcou para a Escócia, onde hoje participa como convidado de reunião do G-8 (grupo que reúne os sete países mais ricos do mundo e a Rússia). Na volta, amanhã, promete anunciar outras mudanças, além de dar posse a Felipe, Rondeau e Costa.
A atual reforma, que não tem prazo para ser finalizada, envolverá trocas em estatais. Avalia-se a possível saída do vice-presidente José Alencar (PL) da Defesa.
Já o PMDB, que ontem ganhou duas pastas e manteve outra, perderá a Previdência, com a saída de Romero Jucá (RR), investigado pelo Supremo Tribunal Federal sob suspeita de desvio de recursos públicos.


Texto Anterior: Ex-diretores dos Correios sofrem inquérito na CGU
Próximo Texto: Governadores do PMDB criticam as nomeações
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.