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São Paulo, quinta-feira, 07 de agosto de 2003

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Petistas que se abstiveram afirmam que não querem romper com governo

DA ENVIADA ESPECIAL A BRASÍLIA

Os oito parlamentares do PT que se abstiveram na votação da reforma da Previdência -e que podem até ser expulsos- afirmaram que fizeram isso como um sinal de "alerta" para o governo e que querem manter diálogo com o Planalto.
"Temos que sinalizar para o governo que há uma insatisfação. Não podemos violar a nossa consciência", disse Ivan Valente (SP).
"Isso não é um ensaio nem um desejo de ruptura. Temos claro que o governo tem condições de realizar mudanças", afirmou Walter Pinheiro (BA).
Segundo Pinheiro, esse grupo nunca "ofendeu" o governo nem "promoveu ataques de caráter pessoal". Ele evitou, entretanto, traçar uma comparação com os os três petistas que votaram contra o governo -Luciana Genro (RS), Babá (PA) e João Fontes (SE)- e que, por isso, devem ser expulsos do partido.
Além de Valente e Pinheiro, se abstiveram os deputados: Mauro Passos (SC), Maninha (DF), João Alfredo (CE), Orlando Fantazzini (SP), Paulo Rubem (PE) e Chico Alencar (RJ).
Numa reunião na Câmara, em que divulgaram um documento expondo seus motivos, os petistas disseram ainda temer outras propostas do governo, como as reformas tributária e trabalhista e questões como a autonomia do Banco Central.
Eles pretendem votar a favor de destaques que tratem de pelo menos cinco pontos que consideram fundamentais para tornar a reforma um pouco mais palatável -contribuição dos inativos, alterações no sistema de pensões, regras de transição, paridade e fundos de pensão.
Segundo os oito deputados, as regras de transição são o ponto que tem maior apelo em toda a bancada do PT.
A decisão de não votar foi comunicada à bancada na noite de anteontem após mais de duas horas de reunião, da qual participaram outros do "grupo dos 28" -petistas que fazem críticas ao modelo econômico, mas que não são do grupo dos radicais.
O presidente nacional do PT, José Genoino, estava na reunião quando recebeu um telefonema do ministro José Dirceu (Casa Civil). Segundo os presentes, Dirceu tentou acalmar os ânimos e teria dito aos deputados que, votando com o governo, poderia ser estudado um reajuste salarial para certas categorias de servidores.
Na saída da reunião da bancada, muitos petistas estavam chorando, entre eles Doutor Rosinha (PR) e Orlando Desconsi (RS).


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