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DINHEIRO PÚBLICO
Resolução pára rolagens de dívidas de Estados aprovadas pelo BC
Senado paralisa aprovação
de crédito a aliados de FHC
FERNANDO RODRIGUES
da Sucursal de Brasília
Uma resolução do Senado paralisou 14 processos de obtenção de
crédito -num valor total de R$
2,6 bilhões- para nove Estados e
uma capital.
Trata-se da resolução 78/98, publicada no dia 8 de julho, que proíbe Estados e municípios de fazer
operações de crédito nos seis meses anteriores ao final do mandato
do governador ou do prefeito.
Essa proibição ficou conhecida
anteontem quando o presidente
do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), rejeitou a recomendação do Banco Central a respeito de seis processos envolvendo
operações de crédito entre cinco
Estados e a União.
ACM disse que a recomendação
do BC contrariava a resolução do
Senado e que os processos seriam
paralisados. Com essa decisão, ficaram sem perspectiva de rolar
suas dívidas Acre, Sergipe, Paraíba, Pará e Rio Grande do Norte. O
valor total que tentavam obter era
de R$ 870,2 milhões.
Essa decisão de ACM é antagônica à intenção do presidente do BC,
Gustavo Franco. Em cartas enviadas ao Senado, no dia 30 de julho,
Franco diz não haver restrições
para a aprovação dos créditos.
A análise do BC favorecia diretamente governadores que hoje
apóiam e estão engajados na campanha da reeleição de FHC.
Ontem, segundo a Folha apurou, ficou decidido que o Senado
deve paralisar todos os processos
em andamento sobre créditos para Estados e municípios.
Com essa decisão, está interrompida a tramitação de pedido
de crédito de Mato Grosso do Sul,
Rondônia, Rio de Janeiro e Piauí,
além da Prefeitura de Teresina.
Para o BC, essa decisão não é a
mais adequada. O Departamento
Jurídico da autarquia considera
que o prazo de seis meses antes do
fim do mandato não se refere à
aprovação pelo Senado.
Segundo o chefe-adjunto do Departamento da Dívida Pública do
BC, Vicente Diniz, a data que vale
para efeito da resolução do Senado
é a da assinatura do contrato entre
o Estado e a União. "As operações
de crédito e os contratos foram assinados no primeiro semestre,
muito antes do prazo de 180 dias."
Essa disputa entre o Senado, Estados e o BC apenas serve para reforçar a posição política de ACM.
Todas as partes envolvidas no caso
terão de conversar com ele para
obter uma solução.
ACM tem na mão a burocracia
do Senado. Tem meios para fazer
valer sua vontade. O presidente da
Comissão de Assuntos Econômicos do Senado, Pedro Piva, atendeu prontamente uma ordem de
ACM e paralisou os processos.
Segundo a Folha apurou, ACM
vai tratar do assunto apenas depois das eleições. Antes do final do
ano, tentará encontrar uma solução, já sabendo quais governadores serão os beneficiários.
Caso se decida por aprovar alguma operação de crédito ainda neste ano, ACM terá, necessariamente, de rasgar a atual resolução 78
do Senado. Ou, então, fazer o plenário aprovar uma nova norma
que modifique a atual.
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