São Paulo, sexta, 7 de agosto de 1998

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Câmara insiste na construção de fosso
Diretor ameaça com piranhas e jacarés

da Sucursal de Brasília

O diretor-geral da Câmara dos Deputados, Adelmar Sabino, disse ontem que a decisão de construir um fosso nos gramados do Congresso para isolar o prédio de manifestações públicas é irreversível.
A idéia do fosso, que terá 6m de largura por 1,92m de profundidade, impedindo o acesso à rampa do Congresso, é do presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA).
"O senador (ACM) não volta atrás; vai fazer mesmo", disse Sabino. A obra, planejada pelo departamento de engenharia da Câmara, será executada pelo Senado.
"E ainda vamos soltar piranhas e jacarés" , disse Sabino, fazendo piada ao comentar que a obra não dará chance para que manifestantes entrem no Congresso sem autorização.
"Vai facilitar muito a segurança, que deixará de ser feita com grande número de policiais e com o uso de cavalos e de bombas para conter os manifestantes", disse.
Sabino acha a obra necessária porque, em caso de reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso, o Congresso terá de concluir a votação da emenda constitucional da reforma da Previdência.
Nos últimos anos, as votações das reformas administrativa e da Previdência provocaram vários conflitos fora e dentro do Congresso. Em maio, manifestantes ligados à CUT (Central Única dos Trabalhadores) invadiram o plenário da Câmara.
Durante o recesso parlamentar, o prédio principal da Câmara dos Deputados também passou por uma reforma, que vai permitir que o presidente da Casa se desloque do seu gabinete até o plenário sem atravessar o Salão Verde, onde se concentram os lobistas durante as votações importantes.
Foi aberto um corredor de cerca de 15 metros que liga o gabinete do presidente à porta do plenário localizada em um canto do Salão Verde. O corredor passa por área antes ocupada pela liderança do PTB.
Para chegar ao seu gabinete, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), deixava o elevador no Salão Verde e percorria cerca de 80 metros. Era abordado por dezenas de jornalistas, parlamentares e visitantes, muitos deles lobistas.
Há cerca de dois anos, a Câmara e o Senado começaram a tomar providências para reforçar a segurança dos prédios do Congresso. A primeira medida foi proibir o acesso às cúpulas do prédio principal, prejudicando principalmente turistas.
(OSWALDO BUARIM JR. e LUCIO VAZ)


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